Renato Paiva minimizou as vaias e os gritos de burro que ouviu da torcida do Botafogo no empate por 2 a 2 com o São Paulo, no Estádio Nilton Santos, na noite desta quarta-feira, pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro. O treinador disse que os alvinegros têm o direito da manifestação e explicou as substituições feitas.
Ao analisar o jogo, o português se disse revoltado por não ter conquistado a vitória. No Brasileirão, o time sob seu comando tem uma vitória, dois empates e uma derrota.
— A torcida tem o direito de se manifestar, um direito democrático e público. Treinador tem que saber viver com isso. Mas o treinador tem que saber das decisões que toma em consciência. Nós estávamos a perder de 2 a 1, o Gregore é mais defensivo do que o Marlon e aquilo que me interessa é levar a equipe para frente, quando entendo que o adversário está cada vez mais recuado, cada vez mais com menores jogadores na frente e cada vez mais jogadores dentro da área. Portanto, não me interessa ter dois zagueiros, um meia mais defensivo e dois laterais que muitas das vezes são dois extremos — afirmou Paiva.
— Tomo as decisões pelo conhecimento que tenho dos jogadores, da minha experiência de vida e da forma como leio o jogo. Falar antes, criticar antes é um fato. Depois, a verdade é que eu acho que é unânime que a equipe melhora depois das substituições. Acho eu, na minha visão, que o volume de jogo acentuou mais, o critério de posse melhorou, fomos mais verticais nem que seja por fora. E continuamos a gerar mais situações. Portanto, a torcida é soberana, tem direito a se manifestar e ponto final, parágrafo. É a vida do jogador, do técnico, do presidente, de quem anda nesta vida profissional. A torcida está revoltada com o resultado? É óbvio, porque quer ganhar, como nós também queremos. Nós também estamos revoltados. Podemos olhar para esse jogo e dizer assim, “cara, fizeste número de finalizações suficientes para ganhar esse jogo e não ganhaste”. Isso que me deixa triste e me leva para casa — completou.
O treinador afirmou que o Alvinegro criou o suficiente para vencer a partida e viu uma melhora em relação às últimas partidas neste sentido. Savarino e Igor Jesus marcaram para o time da casa, Ferreirinha e André Silva para os paulistas.
— Fizemos o suficiente para ganhar o jogo. Pelo menos em termos ofensivos que a equipe estava em dificuldades nos últimos jogos, por ironia até ganhou. Com exceção do Bragantino e Universidad do Chile. A equipe sentia dificuldades em criar, gerava poucas oportunidades de gol. Eu mesmo assumi a responsabilidade por isso. Me parece óbvio que hoje geramos oportunidades o suficiente para ganhar esse jogo, mas não fizemos por ineficácia e outras porque o nome do jogo é o goleiro do São Paulo e ele está lá para isso. Pena que tanto volume de jogo ofensivo não tenha terminado com mais gols.
Paiva também analisou os dois gols sofridos e deu o diagnóstico para o Botafogo nas próximas partidas:
— Os gols que sofremos é uma situação individual do Ferreirinha, que já sabíamos que joga assim e vem muitas vezes ali por dentro, e um erro coletivo em uma saída de bola que nos penaliza. Da exibição fica um crescimento da equipe em termos ofensivos, em que geramos de muitas e diferentes formas as situações de gol. Continuaremos trabalhando a eficácia. Hoje o resultado premia a eficácia do São Paulo ofensiva e a ineficácia nossa, ou eficácia do goleiro. É olhar para o próximo adversário, equipe com muita qualidade o Atlético-MG, também está com dificuldade pelo que eu vi de materializar em gols as oportunidades que cria. Vamos ter o mesmo espírito de olhar para o jogo para ganhar.
Mecanização dos pontos incomoda?
— Eu entendo a sua pergunta, concordo em 50%, os outro 50% não concordo, porque é muito difícil entrar numa linha de três zagueiros, porque falamos da segunda parte, mas na primeira, quando Cédric tinha processo ofensivo, baixava e fazia uma linha de 5. Mesmo assim no primeiro tempo o Cuiabano e o Matheus trabalharam muito bem, umas vezes por dentro, umas vezes por fora. Umas vezes o Matheus está por dentro, umas vezes está por fora. Essa relação entre os dois, na minha opinião, funcionou muito bem. A primeira oportunidade é nossa, do Savarino, e é uma jogada do corredor central. Problema é que depois o jogo vai avançando, a equipe adversária vai congestionando mais gente, às vezes que tentamos entrar por dentro geramos contra-ataque para o São Paulo. A ideia era colocar dois 9, o Igor e o Mastriani. Mastriani é um jogador de área puro e, obviamente, tentar os cruzamentos. Mas, mesmo assim, repara que não são cruzamentos do nada. Muitas vezes conquistamos a linha de fundo para cruzar. Cuiabano, Ponte, mais o Artur que vai para dentro porque os pés dominantes estão trocados. Muitas das vezes conquistamos a linha de fundo para afundar a linha defensiva para encontramos condições de finalizar. Eu acho que hoje até foi o jogo em que nós lateralizamos menos o jogo para entrar, circulamos bem, circulamos mais vezes e até não tivemos muitas precipitações para querer entrar. Há muitas bolas relações entre lateral e extremo com ajuda do Savarino, mas a verdade é que a bola não quis entrar em algumas oportunidades claras. Numa delas o goleiro está no chão e a gente consegue acertar no goleiro (risos). Portanto, a nossa missão, ofensivamente, enquanto técnico é levar nossa equipe do nosso campo para o campo adversário. Eu acho que isso foi muito bem conseguido, ao contrário de jogos. Faltou último momento de finalizar. Hoje finalizamos mais vezes, mas faltou eficácia.
Allan fora
— Allan está com problema pessoal, nesta semana praticamente não treinou. Não há problema algum grave, mas é um problema pessoal e, portanto, ele não foi relacionado exatamente por isso.
Pode priorizar competições?
— Como clube grande, não vamos priorizar nenhuma competição. É jogo a jogo e olhar para as competições com os melhores jogadores. Agora, muitas vezes a revolta da torcida com as substituições é que você tira jogadores que são titulares. O Gregore, jogadores com utilização massiva. E as pessoas tem de pensar que o jogador não pode estar lá só o nome. Às vezes o desgaste é tanto que fica só o nome, mas o atleta não. Tem que colocar gente fresca, que mude a cara do jogo. Foi o que tentamos com o Jeffinho, um outro nove, Patrick. O Savarino quando entra o Mastriani continua por dentro e o Cuiabano tem o corredor. Olhar para o jogo e tomar decisões. Quando substituiu um jogador que a torcida gosta, eles criticam porque gostam, mas tem de pensar que são seres humanos. Gregore e Marlon tem jogado todos os jogos praticamente. Tiro aos 15, aos 10, alguns não tiro. Tenho de fazer essas substituições para melhorar.
O que disse ao árbitro?
— Para mim é claro, sem querer faltar respeito ao Zubeldía e aos jogadores, a partir de um certo momento, só uma equipe jogou. Acho que isto é um problema do futebol brasileiro. Goleiro cai 50 vezes, câimbra 50 vezes. Queria deixar uma palavra ao Calleri porque a lesão parece grave. Deixar um abraço e desejar que não seja nada grave, mas, se for, as melhoras rápidas. É um grande jogador e grande profissional. Não queremos lesões nem nos nossos e nem nos outros. Mas se queremos que o futebol brasileiro melhore em muitas coisas, essa é uma delas. Entendo a manha e essas coisas, mas fazer as vezes é uma coisa. Acabar com o jogo há 30 minutos do fim... só há uma entidade que pode impedir: o árbitro. Ele pode contabilizar no fim e dar o tempo. Durante algum momento deram 10, 12 minutos. Para mim, hoje, tinha que dar 10 minutos. Não estou criticando decisões, apenas algo quantificável, o tempo. Sete minutos me parece escasso. Vão falar que digo isso porque estava atrás no resultado. Vou, mas quando não estiver, vou dizer o mesmo. Podem escrever. Nós, estrangeiros, estamos vindo para o país de vocês trabalhar e temos de trazer coisas diferentes. Vou tentar trazer o meu trabalho e tentar fazer o Botafogo voltar a ser campeão. Esse tipo de coisa não posso voltar para casa sem deixar de falar ao árbitro. Com toda educação, disse que isso eles podem controlar. Se não, quem vê esse jogo vai dizer que vale a pena fazer isso faltando 30 minutos. O público não vê o jogo, cai um, cai outro. O árbitro não pode temer dar 10, 15 minutos.
Recomposição falha?
— Entendo a sua pergunta, os espaços estavam lá, mas os gols que sofremos não foram por aí. Nem houve grandes oportunidades por aí. Quando tem que ir atrás dos resultados, não pode ficar com as mãos cruzadas sem fazer nada. Os próprios jogadores, mesmo que eu não desse indicação, vão à procura do gol. Quanto mais recuava o São Paulo, quanto mais amontoavam jogadores ali, mais a gente subia. Obviamente há momentos em que os jogadores do São Paulo iam nos encontrar mais desequilibrados. Não há como, porque você está indo atrás do resultado. Nossa equipe foi a campo para ganhar, não critico a postura do adversário, mas quando começa a perder e está atrás do resultado é normal que isso aconteça. Temos que continuar a corrigir os desequilíbrios, mas não me parece que esse tenha sido nosso maior pecado da exibição.
Reação da torcida e pressão após ano vitorioso
— Com todo respeito a outros clubes, prefiro pegar um time que vem de ser campeão em várias competições e vai continuar lutando por isso, não garantindo que vá ser, do que um clube que luta para não ser rebaixado ou sem aspiração por história ou elenco. Disse logo no início que sabia ao que vinha. É a herança e eu aceito isso de corpo e alma. Estamos no início, as contas se fazem no fim. Estou tranquilo. A torcida está no seu direito, se manifestam quando não ganha. Nós também levamos nossa cota de tristeza e frustração por não ganharmos.
Savarino
— Também gosto de ver o Savarino na 10, mas neste momento, no elenco ele é o único 10 claro que temos. Tem o Kauan, que é um menino e está tentando crescer na sombra dele, e o Patrick, que estou tentando dentro de uma rotação de elenco. Gregore e Marlon jogam quase gêmeos e de olhos fechados, sabendo que o Patrick é aquela posição em que vê o jogo de frente, por que não tentar que o Patrick vá ali de vez em quando, nem que seja para o Savarino descansar. E a gente possa aproximar ele das zonas de finalização, porque é algo que faz muito bem. Apesar de não gostar de jogar de costas. Entendo a pergunta, se puder jogo sempre com Savarino na 10, mas tenho de gerir os jogadores, lesões. O Savarino perdeu jogos por lesões, então tenho de buscar soluções. Mas tenho óbvia consciência de que é ali que ele rende mais. Um bom jogador rende em posições próximas. Hoje coloquei o Savarino em um extremo, mas queria ele nesse corredor mais central.
Desfalques geram dificuldades?
— Se pudesse eu tinha todos jogadores comigo. A verdade é que temos jogadores lesionados, se demora a sair a informação já não é da minha responsabilidade. Não sou médico, não quis estudar medicina, agora a verdade é que queria ter todos à disposição. Está o Bastos, está o Nathan, está o Santi agora também. Portanto, eu quero ter todos, mas os que estão lesionados não podem jogar. Quando não podem jogar eu tenho que encontrar soluções. Hoje entrou o Jeffinho, jogamos com dois 9. Aproveitamos o Mastriani com o adversário fechado a se defender. Tendo todos posso fazer a lista de relacionados, escalar os 11 e fazer as substituições. Quando não temos, ficamos limitados, os 11 que entram, mais os suplentes, são eles que fazem o treino, o jogo. Eu queria falar dos jogadores que entraram, mais uma vez os que entraram trouxeram nova dinâmica, nova qualidade, a equipe melhorou com os jogadores que entraram, já não é a primeira nem a segunda ou terceira vez. Isso significa que a competividade dentro da equipe, que nenhum jogador baixa os braços porque joga menos. Hoje não jogou o Telles, por exemplo, que tem sido muito utilizado, mas o Cuiabano deu resposta ótima. Como já tinha dado antes. Isso que eu quero, com o número de jogos que há, poder ter essas escolhas. Saber que há o Bastos, o Nathan, o Santi lesionados. O Marçal, o Allan não esteve. Eu quero ter opções, a partir das opções, fazer o nosso caminho.
Houve uma confusão e briga entre torcedores do Botafogo, em um dos Setores do Estádio Nilton Santos, durante Botafogo x São Paulo na noite de ontem:
Desentendimento na arquibancada acaba em violência
— Francisco Barba Negra ★彡 (@chikohenriques) April 17, 2025
Botafogo acabando com a sanidade da torcida #Botafogo pic.twitter.com/a819NMF3yL
Uma noite de um empate amargo, e de um treinador que já está com a batata assando, Renato Paiva não chega ao Super Mundial De Clubes, John Textor se achar que ele (Paiva) tem cacife para isto, vai estragar a temporada e mais um vexame irá ocorrer.