Renato Paiva dedica vitória do Botafogo a Manga, e valoriza atuação do segundo tempo: ¨Aos poucos, vamos crescendo, neste momento da temporada é melhor ganhar do que jogar bem¨


Renato Paiva em Botafogo x Carabobo - Foto Reprodução:Buda Mendes/Getty Images



O Botafogo precisou suar, sofreu mais do que o esperado, mas venceu o Carabobo por 2 a 0, nesta terça-feira, no Nilton Santos, pela 2ª rodada da fase de grupos da Conmebol Libertadores. Apesar do esforço, Renato Paiva não escondeu os elogios à equipe, principalmente ao seu sistema defensivo, que mais uma vez não foi vazado. Durante a coletiva, ele honrou a memória de Manga, falecido nesta terça-feira, e dedicou a vitória ao ex-goleiro.


Assista abaixo:


Antes de qualquer pergunta, é um dia muito triste para a nação botafoguense e para o futebol brasileiro pelo falecimento do Manga. Um homem que marcou uma geração. Várias gerações na posição dele. Referência para muita gente. É um orgulho muito grande de ter feito parte da história do Botafogo, que ele engradeceu com o seu esforço. O grupo quer dedicar a vitória ao Manga, onde quer que ele esteja, sei que vai estar torcendo por nós

— Renato Paiva, técnico do Botafogo

Após o pronunciamento inicial, Paiva fez a sua análise da partida. A pergunta sobre o sistema defensivo tem a ver com a pressão que o Carabobo implicou à partida: mesmo jogando com uma linha de até seis defensores atrás, levou perigo nos contra-ataques, obrigou John a trabalhar e até acertou uma bola no travessão.


— Em quatro jogos, um gols sofrido somente, isso nos deixa satisfeito. Entendo o torcedor, entendo o jornalista. Mas não há jogos onde não há finalizações ao gol. Não há jogos fáceis. Concedemos de vez em quando oportunidades, porque somos uma equipe ofensiva, colocamos muita gente no meio-campo adversário, em vários momentos John era o único na defesa. Se abdica de colocar gente na frente tu não é corajoso, tem medo. Então não pode estar aqui, não pode representar este clube. Este clube tem uma missão que é ganhar o jogo — afirmou o treinador.


— Não tivemos paciência na primeira parte, mas geramos oportunidade de gol. Depois, corrigimos essa situação sem sermos passivos. As vezes, se confunde paciência com passividade, não foi isso que aconteceu. Acabamos abrindo o adversário. Quanto mais fomos conseguindo, mais eles foram recuando. Temos que ter cuidado para não cair na tentação dos cruzamentos. Estou muito orgulho do que os meus jogadores porque eles não perderem o plano de jogo, de como desmontar um bloco (baixo) tão difícil — completou Paiva.


Ainda falando sobre a atuação do Botafogo, Paiva comentou sobre o princípio de insatisfação da torcida do Botafogo no Nilton Santos. O primeiro gol da partida, marcado por Patrick de Paula, só veio próximo do final da partida. O técnico português admitiu que a equipe ainda irá evoluir, mas parabenizou o desempenho dos atletas.


— Eu conheço os jogadores que tem a minha disposição. O torcedor que ganhar e ver uma grande espetáculo. Mas se perguntar aos torcedores, se querem ganhar mesmo sem jogar bem, eles querem ganhar. Estamos num momento desses. Aos poucos, vamos crescendo. Temos que contextualizar os jogos. Dou imenso parabéns aos meus jogadores. Eu só via perna de jogadores venezuelanos e fizemos eles entrarem no estilo de jogo que nós queríamos — declarou.


Confira outras respostas de Paiva:

Análise da partida: "Analisando o jogo, qual é o momento premium do Carabobo? Ou bola parada ou pegar a equipe desequilibrada. Óbvio que com tanto espaço que deixamos no nosso campo, basta um duelo perdido, uma saída mais rápida, uma distração e vem a outra equipe. Continuo satisfeito com a questão quantitativa. Qualitativamente, não há exibições perdidas mas não falhamos há ponto de dizer que poderia ter gol do Carabobo ou do Juventude a qualquer momento. São momentos de transição. Quando vamos em bloco, somos equipes compacta e criamos problemas para o adversário. Obviamente, vai haver momento de desequilíbrio porque os jogadores são humanos"


Jogadas de linha de fundo: "Boa pergunta. Porque no momento do gol o Rwan iria entrar para jogar junto com o Mastriani. Iríamos jogar com dois jogadores na ponta para cruzar, com Patrick e Savarino pelo meio. Risco total e máximo, tínhamos que ganhar. Quando fizemos o gol troquei homem por homem, o adversário deu espaços"


Jogadores criticados e muitos cruzamentos: "Em relação aos jogadores que a torcida e a mídia criticam, têm todo o direito. Querem espetáculo. Eu tenho uma vantagem porque estou no dia a dia e sei o que podem dar. Tem a razão e a paixão. Isso tem a ver com o conhecimento que temos. Por exemplo, um bloco fechado perto da área, que se você não mexe, vai entrar num cansaço físico e mental. Por isso que trocamos os laterais. O Marlon tem muitos jogos, e o Patrick carrega a bola um pouco mais. O torcedor quer ganhar e ver um grande espetáculo. Mas se perguntar se prefere ganhar mesmo sem jogar bem eles vão querer. Falei aos jogadores que tenho orgulho. Meu trabalho é encontrar soluções no banco, às vezes não vão surtir efeito. Sobre os cruzamentos, não gosto de um jogo muito lateralizado, mas não é proibido. Se for para ser campeão assim eu aceito. Mas eu entendo a reclamação, é difícil, e acontece de cruzar. E aí entra na estatísticas de muitos cruzamentos errados. Precisamos concertar isso. Às vezes cruza no desespero com um contra quatro e não acerta, mas às vezes tem mais e acerta. Vamos melhorar, mas temos que ter equilíbrio.


Ataque: "Quero ressaltar a parte ofensiva da minha equipe. Não é fácil de jogar contra este tipo de defesa. Não estou atacando meu colega, tem todo direito de fazer. É nossa obrigação de ir ali como martelo. Hoje o mérito da equipe foi zero desespero. O primeiro tempo não foi bom, não houve paciência em circular a bola. As melhores chances foi circulando a bola do Ponte ao Telles. O que fazíamos às vezes, zagueiro-meia-zagueiro e nunca ativávamos os pontas, como vai incomodar o adversário. Impossível. Fiquei pedindo desesperados para girarem lateral a lateral, pedindo paciência. Não tivemos essa paciência. Mesmo assim geramos oportunidades e não concretizamos. No segundo tempo, corrigimos. Pedimos paciência sem ser passivo. Porque a circulação estava lenta. Paciência com a bola circulando rápido, aos extremos e abrimos a equipe adversária e foram recuando. Quando você (jornalista) falou do Estudiantes, em termos individuais, é muito melhor equipe. Muito orgulhoso com meus jogadores, não perderam o rumo do nosso trabalho e entenderam como desmontar um bloco difícil com o tempo"


Savarino: "Não foi bem um beijo. Se minha mulher estiver vendo, você me colocou numa posição complicada. Foi ele encontrar onde encontrou o Matheus, no meio daquela gente toda. Parece que joga com um drone na cabeça e vê coisas que mais ninguém vê. Tirar jogadores criativos da zona de criação para puxar para trás para a zona de construção perde imaginação e criatividade na zona de criação. Se pedir para ele voltar e buscar o jogo, pode perder a paciência. O Savarino, na zona onde é especialista, vai receber em algum momento onde é especialista. Eu prefiro que o Savarino fique na zona de criação, que o Igor e o Mastriani fiquem na zona de finalização e que os outros façam a bola chegar até eles. Dei os parabéns por não terem ido buscar a bola no desespero. Ele foi paciente. Temos que melhorar muitos aspectos. Estamos crescendo. O segundo gol contra o Juventude foi muito do que treinamos, mas hoje não conseguimos jogar apoiado. Sei que o torcedor não tem paciência, mas vou pedir que tenha só um pouquinho mais"


Santi apagado e Arthur mais acionado: "Na primeira resposta falei sobre não ter tido circulação completa, e se não temos circulação completa, insistimos em um lado. De fato, temos que corrigir. Se insistimos em um lado, ajudamos o adversário. Por melhor que sejam os jogadores de um lado, deixamos de atrair a marcação para um lado e de levar para outro. O problema passa por aí. Não foi pedido, poderia ser um questão de estratégica, de identificar uma fragilidade defensiva no lado esquerdo do Carabobo. Não foi. Não jogo Playstation e não quero que meus jogadores joguem Playstation em campo. Quero que joguem e deixo jogar, fazendo as correções que posso fazer. O treinador tem que ajudar e não atrapalhar. Quando entrou o Matheus e o Cuiabano, primeiro foi para refrescar o Santi. Ele vem de uma realidade diferente, não conhece o futebol brasileiro e o Arthur já conhece. Quando fiz as mudanças, Matheus e Cuiabano trouxeram um frescor, consertaram e começamos a atacar pela direita e pela esquerda"


Apoio da torcida: "A torcida tem direito de se manifestar. A torcida pode até ter vaiado o Santi, mas o que fizeram em 90 minutos foi fantástico. Não estou puxando saco. Meu assistente precisava falar quase ao ouvido porque não escutava. Isso é importante. Agradeço de coração aos torcedores que apoiam durante 90 minutos, incondicionalmente. Depois o jogo parou, podem vaiar. Eu não percebi as vaias, pode ter acontecido. O que fica é o direito da torcida de manifestar, de cobrar, mas não vou ficar com o copo meio vazio, vou ficar com o esforço que a torcida fez olhando para uma equipe que não está jogando tão bem, mas continuaram ali, presentes"


Como melhorar a criatividade: "Eu não trabalhei com Almada e Luiz Henrique. Entendo que há essa comparação com o Artur Jorge, mas às vezes é um erro. O que posso dizer é que sentimos dificuldades, mas temos dois jogos neste perfil e quatro gols feitos. Não é fácil para ninguém. Quando o adversário está em bloco baixa, a criatividade está lá, mas é difícil. Pedi para meus jogadores não se desesperarem, e sempre tenho a sensação que a qualquer momento vai dar. Se observar o primeiro gol contra o Juventude, numa área densa, e nós conseguimos fazer o gol. O outro foi atraindo para atacar. Enquanto não temos o ótimo, que bom que temos o bom. E o bom para mim é diante de dois bons sistemas defensivas fazer quatro gols. Enquanto não melhorarmos, temos que ganhar.

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