Mudança de formação tática, fez Botafogo dominar e surpreender o Fluminense e ter a melhor atuação do ano de 2025 até aqui


Jogadores do Botafogo celebram a vitória sobre o Fluminense, no fim da partida. Matheus Martins, Jeffinho, Alex Telles, Savarino, Gregore, Cuiabano, Mateo Ponte e Vitinho - Foto: Vítor Silva/Botafogo


A semana foi tensa para a torcida do Botafogo. O desejo para o clássico era claro: encontrar formas de voltar a vencer e, de quebra, estender a sequência de triunfos sobre o rival Fluminense. Os jogadores e o técnico Renato Paiva não só cumpriram com o que era esperado, como também injetaram ânimo a partir de uma variação no esquema. A vitória por 2 a 0 no Estádio Nilton Santos, pela sexta rodada do Brasileirão 2025, foi mais do que merecida.


As mudanças não foram só nos nomes escalados, mas também na formação. Além de Cuiabano na lateral esquerda, Paiva promoveu a entrada de dois centroavantes - Igor Jesus e Mastriani - e Matheus Martins pelo lado direito. Jair, recuperado de dores no tornozelo direito, voltou a compor a dupla de zaga com Barboza.


A possibilidade de mudança no ataque já era ventilada desde o jogo contra o Juventude, quando Paiva falou sobre as chances de ter mais um centroavante ao lado de Igor Jesus. Na prática, entretanto, a primeira grande mostra foi neste sábado.


Foi um primeiro tempo de um time só no Nilton Santos. A nova formação um 4-4-2 se alterando para um 3-4-3 em alguma das vezes, com Gregore jogando de líbero (terceiro zagueiro) quando o Botafogo tinha a posse de bola, além de às vezes virar um 4-3-3, deu frescor ao Botafogo, que se reencontrou em jogadas de aproximação, teve a compactação como outro ponto forte e pareceu ter recobrado o fôlego.


A roubada de bola seguida de toques rápidos teve seu ápice no gol de Vitinho. Mastriani apareceu mais atrás para recuperar a posse para o Botafogo. Marlon Freitas achou Savarino, que passou para Gregore abrir com Matheus Martins.


Enquanto Vitinho caía por dentro, Igor Jesus recebeu pela direita e cruzou. Certeiro, rasteiro. E nos pés de um lateral que vinha se cobrando pelo baixo aproveitamento ofensivo com Paiva - seja com gols ou assistências - em um cenário de movimentos mais livres para a área.


Com Mastriani em campo desde o início, Igor Jesus de quebra ganhou espaço para sair da área, ajudar na construção e fazer valer a mobilidade que lhe é tão característica. Em aspectos individuais, outro ponto de destaque foi a atuação de Matheus Martins - autor de duas grandes finalizações - pelo lado direito do campo no primeiro tempo.


Os números auxiliam a contar a história do primeiro tempo do clássico, com oito finalizações alvinegras, quatro delas defendidas por Fábio, contra uma do Fluminense. Os primeiros 45 minutos no estádio Nilton Santos foram, com sobra, os melhores do clube no ano - e surgiram justamente quando o time mais precisava de um novo voto de confiança de alguns torcedores.


O início do segundo tempo teve um Fluminense mais organizado e que levou certo perigo, como em chute de Bernal de fora da área. Em resposta - e para manter funcionando o mapa da mina pelo lado direito do ataque do Botafogo-, Paiva sacou Matheus Martins para a entrada de Artur.


O camisa 7 acabou acumulando mais um jogo em que tentou, tentou e ainda não conseguiu marcar o seu primeiro gol. Mesmo assim, foi importante na manutenção de um jogo que funcionava em prol do Botafogo nas costas de Renê. E também trouxe vigor físico, algo que visivelmente influenciou a queda de rendimento do time com o placar ainda magro.


Alvo de incansáveis debates sobre seu posicionamento em campo, Savarino coroou uma noite ágil e de flutuação pela intermediária - livre, como citaram Paiva e o próprio venezuelano - com um gol nos acréscimos, aproveitando erro de Paulo Baya.


— Na tal confusão do Savarino sobre jogar como 10 ou não, ele joga livre. Savarino joga livre e ponto, é o único que não tem que ocupar essas zonas. Desbloqueia jogo, joga livre. Não posso prender o Savarino em sistemas táticos, a não ser para missões defensivas. Quando Savarino joga de ponta, mas por dentro. E isso foi uma crítica que se faz a minha forma de trabalhar. Primeira oportunidade do jogo contra o Estudiantes, que Artur cabeceou, sabe quem cruzou? Savarino. Sabe onde ele estava? Na esquerda, aberto. Não pode prender o Savarino. Tem que deixar andar, e a equipe depois faz o resto. É um 10, criativo, desbloqueador de jogo. Às vezes está por fora, não quer dizer que está como ponta. Importante é que jogue — resumiu o técnico do Botafogo.


Parece repetitivo apontar que o Botafogo ainda não faz jus à quantidade de chances que cria, mas esta é a realidade. Não à toa, o próprio Paiva definiu a vitória no Nilton Santos como magra. Fato é que, mesmo assim, a noite de sábado terminou com um gosto mais doce do que a torcida esperava.


Não apenas pela chance de estender a sequência de vitórias sobre o Fluminense e provocar o rival, seja nas ruas ou nas redes. Mas também pela reafirmação de um time que ainda tem potencial de se ajustar e seguir tranquilo.


Com a vitória, o Botafogo salta nove posições e sobe provisoriamente à sexta colocação do Campeonato Brasileiro Série A 2025, com oito pontos. O Alvinegro volta a campo na quarta-feira para enfrentar o Capital-DF, pelo primeiro jogo da terceira fase da Copa do Brasil.

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