¨Blindado¨ por John Textor, Renato Paiva tira o dele da reta e diz em Coletiva após derrota para o Estudiantes na Libertadores: Botafogo de 2024 já não existe é outro, fase muito estranha

O Botafogo voltou a perder nesta quarta-feira, por 1 a 0, para o Estudiantes, em jogo que teve frango bizarro do goleiro John em La Plata. Perguntado sobre as diferenças no time do Botafogo, que costumava propor jogo mesmo longe do estádio Nilton Santos em 2024, o técnico Renato Paiva opinou que a equipe antiga já "não existe mais".


O português também definiu o atual momento do Botafogo como uma "fase muito estranha", lamentando a ausência de gols a partir das chances criadas.


Assista abaixo:


— O time já não existe, já é outro. Para além disso, tivemos aos dois minutos uma oportunidade flagrante. O Artur cabeceia sozinho na área, a bola vai por cima. Na segunda parte, Artur tem uma segunda bola no segundo poste e não faz. Na terceira, a bola do Savarino bate no travessão, no chão e sai. De fato, a questão passa um pouco por isso. Em alguns jogos criamos mais, em outros menos. Hoje era um jogo em um campo muito difícil, um adversário que já tinha perdido em casa e jogava praticamente uma final. Jogamos o jogo de forma estratégica, até começou bem para nós, tivemos oportunidades a nosso favor e a bola não entrou. A partir daí, obviamente, o Estudiantes jogando em casa foi tendo mais bola. Nós, em um bloco médio que muitas vezes foi para baixo. Não lembro de John ter feito grandes defesas no primeiro tempo. Alguns escanteios, mas nada de perigoso. Depois, em um lance infeliz, sofremos o gol — disse Paiva, acrescentando:


— Quem acompanha nossos jogos percebe a fase que estamos atravessando. Quando criamos, não fazemos. E depois, em erros básicos, acabamos perdendo jogos. Esse é o terceiro jogo que perdemos por 1 a 0 com gols que são erros claros, e obviamente têm que se corrigir. No funcionamento coletivo da equipe, hoje, não gostei dos momentos defensivos, afundamos demais o bloco quando não era essa a intenção, não conseguimos sair para a pressão, que era o que queríamos. Nas oportunidades de transição, não conseguimos sair com efetividade. Na bola mais flagrante, bateu no travessão, no chão e não entrou. Sou treinador, sou responsável, mas de fato é uma fase muito estranha o que está acontecendo. Nossas oportunidades que são claras não entram, e as dos adversários que às vezes nem claras são acabam entrando e nos penalizando bastante.


O Botafogo segue estacionado na terceira colocação do grupo A da Conmebol Libertadores e igualou o número de tropeços de 2024 na Argentina. São 13 derrotas até aqui. O Alvinegro volta a campo no sábado, contra o Fluminense, às 21h (horário de Brasília).


Outros tópicos da entrevista de Renato Paiva:

O que faltou ao Botafogo?

— Essa equipe (campeã da Libertadores) já não existe, mudaram muitos jogadores. Então isso é passado, estão sempre fazendo comparações quando os jogadores já não estão, nem sequer o treinador. As coisas mudam, e nas mudanças sempre há momentos de adequação. E estamos nesse momento. Juntar os jogadores novos que chegaram e tentar fazer que o time jogue dentro das características deles. Inclusive, saíram não só titulares, mas também suplentes.


— Hoje não gostei a parte do meu bloco, que evitava que Estudiantes jogasse para determinadas zonas que estavam definidas. Meu bloco não conseguiu levar a bola para lá e então fazer a pressão. Por isso afundamos demais para meu gosto. O bloco começa no meio de campo e depois, com a circulação do Estudiantes, foi afundando, afundando, e não era isso que queríamos e gerou a nós corrermos atrás da bola. E muitos cruzamentos de parte do Estudiantes. No primeiro tempo eles não tiveram nenhuma oportunidade clara de gol, a não ser escanteios e cruzamentos. Tudo que fizemos deu resultado, mas depois as coisas vão de detalhes. Hoje, aos dois minutos, poderíamos começar ganhando este jogo em uma oportunidade claríssima, e não fizemos. Isso está acontecendo em outras partidas também. Então, para mim isso dos detalhes é entrosar um novo grupo de jogadores aos que já estavam, a um novo treinador que não mudou tanto assim as ideias, mas que mudou algumas coisas.


— Não sei se posso chamar de eficácia, o gol que sofremos foi uma infelicidade do meu jogador que tem sido extraordinário em outros jogos e decisivo em muitos, inclusive no time do ano passado. Isso afeta a eles, é seguir adiante, o grupo o respalda, e eu também porque é um grande goleiro e um grande profissional. No segundo tempo reagimos, não criamos tanto, mas conseguimos algumas chances. No início da etapa final, outra vez no segundo pau, era só colocar a bola para dentro, e não entrou. Depois a mais clara de todas, em uma transição que vai no travessão e na linha. São detalhes. A equipe não jogou muito bem, não é fácil jogar aqui, o time do Estudiantes é muito bom, muito bem treinador, seu campo é pesado, é difícil. Mas mesmo assim tentamos controlar, muitas vezes da forma que não queríamos, mais baixo, mas a verdade é que, inclusive quando arriscamos, houve um chute ou dois no nosso gol, mas nunca nos desequilibramos. Como te digo, estamos nos detalhes, e os detalhes estão para os outros e não estão para nós.


— As diferenças são grandes. No México você joga um futebol mais aberto, há uma busca pelo gol do adversário, é a ideia principal. Muitas vezes as partidas não estão tão intensas e não é tão tático como no Brasil. Apesar da qualidade dos jogadores que há no México, mas é um campeonato um pouco mais aberto. E tem essa curiosidade que jogam em playoffs, e não uma temporada seguida. Tem a classificatória e depois os playoffs, e ali muda muito. Muitas vezes o sétimo e o oitavo da primeira fase saem campeões, foi o que aconteceu com o América (do México). Então é um campeonato muito diferente.


Resultado foi justo?

— Sempre respondo o mesmo no México, em Portugal, no Equador e aqui: a justiça é quando a bola entra no gol adversário mais vezes que no outro. Depois, o processo é para o treinador passar a seus jogadores, as análises, o rendimento da equipe, como jogamos, como perdemos, como ganhamos... Esse é o processo. Mas no final se ganha quando esta linda (bola) entra no gol, e hoje entrou uma vez no nosso e não entrou no deles. Depois pode fazer uma leitura da posse de bola maior para o Estudiantes, mas possivelmente oportunidades claras de gol, por mais incrível que seja, foram maiores de nossa parte. Mas para mim a justiça é sempre do resultado.


Clima no vestiário

— As derrotas nunca caem bem e estamos em uma sequência dura de derrotas. Obviamente trabalhar em cima de vitórias é diferente de trabalhar em cima de derrotas, mas é um vestiário de campeões, de gente acostumada (a ganhar).


O que precisa melhorar?

— O mais importante, ainda que não seja para os torcedores, mas para a gente que está no processo é que estamos nos detalhes. "Ah, falta muito para corrigir, os adversários te machucam, geram 10 oportunidades de gol"... Isso não está acontecendo. É verdade que em alguns jogos nós devemos criar mais. Há jogos em que ganhamos e não criamos tanto como na partida contra o São Paulo, em que empatamos e produzimos muito.


— Os jogos da Libertadores estão equilibrados, se tem três chances e não faz, pode ser que o adversário aproveite as suas e termine ganhando. É o que aocnteceu hoje. Então é corrigir os detalhes. Os meninos sabem que a preocupação está nos resultados porque é o mais importante, mas se olhar o processo há detalhes que estão faltando, não é um processo de correção muito grande. Então é continuar trabalhando porque estas sequências de uma hora para outra mudam, e nos resta continuar trabalhando, acreditando e mirar o próximo jogo.

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