O duelo entre Lyon e PSG neste domingo (23/02), pela 23ª rodada da Ligue 1, não teria apelo nenhum se considerasse apenas a luta pelo título (20 pontos separam o líder do mandante do Groupama Stadium). No entanto, graças a John Textor, a distância entre os times é pouco importante em um clássico que esquentou no extra-campo.
O empresário Norte-americano, dono dos Gones desde o fim de 2022, não tem poupado críticas à Federação Francesa de Futebol (FFP) no período e também ao proprietário do Paris Saint-Germain, o catari Nasser Al-Khelaifi. Os últimos episódios revelados pela imprensa da França mostram o nível de tensão da dupla, com direito a discussões e xingamentos.
Dono do PSG chama Textor de Caubói
O jornal francês “L'Équipe” e FRANCE TV 2 revelaram nesta semana um trecho de uma reunião sobre os direitos televisivos do Campeonato Francês na qual participavam os clubes das equipes, incluindo Textor e Al-Khelaifi.
O episódio, ocorrido em julho do ano passado, começou a partir do momento em que o americano foi interrompido por Jean-Pierre Caillot, presidente do Reims. Na sequência, o também dono do Botafogo acusa o catari de ser um “tirano” pelo pouco espaço que cedeu a outros proprietários de falarem no encontro via videoconferência.
Al-Khelaifi foi acusado na reunião de conflito de interesses porque, além de dono do PSG, é o proprietário da emissora “BeIN Sports”, uma das detentoras dos direitos televisivos da competição. As críticas não vieram apenas por Textor, mas também do mandatário do Lens, Joseph Oughourlian.
Oughourlian: — Nasser, acho que você deveria respeitar os outros presidentes.
Al-Khelaifi: — Você é inteligente e um homem de negócios, mas não entende nada de mídia.
Segundo a mídia francesa, essa briga entre a dupla na reunião e outros episódios teriam rendido uma mensagem forte do proprietário do Paris Saint-Germain no WhatsApp do empresário norte-americano.
— Você não entende nada de futebol e é uma perda de tempo falar contigo. Você vai ser um derrotado em qualquer lugar para onde vá — enviou Nasser.
Em dezembro do ano passado, Textor publicou nas redes sociais uma imagem beijando a taça da Libertadores conquistada pelo Botafogo com o print de uma conversa justamente com essa frase. Ele ainda marcou o PSG na publicação no Instagram.
Vale citar que o Botafogo está no grupo B do Super Mundial de Clubes no meio do ano, a mesma chave do PSG. O duelo entre o Glorioso e o time francês acontecerá em 19 de junho.
John Textor aproveitou vídeo vazado para criticar Al-Khelaifi
Como o trecho da reunião só veio à tona agora, Textor aproveitou o comportamento agressivo de Nasser Al-Khelaifi para voltar a criticá-lo em entrevista ao “L'Équipe”.
Além do conflito de interesse apontado, o americano também destaca que o poder do dono do PSG está na Federação Francesa (ele já chamou o presidente da liga, Vincent Labrune, de “cachorrinho”) e em outros clubes da Ligue 1.
— Já atuei em muitos conselhos, e debates animados podem ocorrer, mas nunca vi tamanho desequilíbrio de poder [na reunião de 2024], onde o resultado do diálogo é uma conclusão precipitada. Ficou claro para mim que as decisões já haviam sido tomadas por um pequeno grupo de pessoas, antes mesmo da ligação começar. […] Aqueles em posições de poder, não apenas Nasser, nem sequer respeitavam as opiniões opostas — afirmou.
— Estou chocado que esse comportamento só agora esteja se tornando público. Acho que foi necessária uma catástrofe para que isso viesse à tona, mas mostra claramente como nossa liga está dominada e se deteriorando. Temos muitos presidentes e executivos que acham que suas carreiras seriam melhores, pessoalmente, se trabalhassem com Al-Khelaifi — reiterou o Norte-americano.
Já ao jornal espanhol “As”, o dono do OL denunciou que o modelo de negócios do Paris é ilegal pela influência do Catar no clube, também como uma forma de se defender da punição de rebaixamento do Lyon até o fim da temporada caso não apresente garantidas financeiras à Direção Nacional de Controle e Gestão (DNCG) do futebol francês.
— O órgão [DNCG] está ciente de que há uma violação da lei europeia ao permitir que um estado estrangeiro subsidie um negócio, o que é uma distorção da concorrência. E ano após ano, eles permitiram que o PSG violasse a lei europeia, aumentando o prejuízo do clube para 70 milhões e gerando mais de 800 milhões de dólares em receitas usando subsídios estrangeiros ilegais — disparou, emendando:
— O mais incrível disso é que as fontes de renda de Lyon estão sendo questionadas porque vêm do Brasil ou dos Estados Unidos. O modelo de financiamento do PSG é ilegal, o nosso modelo é perfeitamente legal e somos o modelo sancionado.
Textor recebe apoio do elenco do Lyon antes de clássico contra o PSG
O capitão dos Gones, Alexandre Lacazette, e o técnico Paulo Fonseca mostraram que o elenco está ao lado do proprietário do clube na polêmica de conflito de interesses de Khelaifi.
— Apoio o meu presidente e tudo o que ele disse sobre este assunto. Ele entende o que está acontecendo, ele acha que precisamos de mudanças e eu concordo — disse o treinador português.
— Estamos apoiando o presidente. A maioria de nós já conversou sobre isso em um pequeno grupo e concordamos com o que ele diz. É bom que nosso presidente seja forte em suas convicções e cumpra o que pensa — reiterou o dono do Lyon.
Tudo isso aumenta a expectativa e torna o clássico ainda maior. O PSG tem tudo para ser campeão novamente, mas quer coroar isso pela primeira vez sem derrotas, como está após 23 rodadas. Já o dono da casa sonha com uma vaga na próxima Champions League, apesar de, fora de campo, poder ser rebaixado por conta das restrições financeiras.