Libertadores 2024 e Brasileirão: Botafogo conquistou títulos duplos em 8 dias, vive jornada épica em uma das gerações mais vitoriosas da história do Clube


Elenco, comissão técnica e funcionários do Botafogo celebrando o Tricampeonato Brasileiro do Botafogo - Foto Reprodução: Vítor Silva/Botafogo


O apito final no Nilton Santos fez o Botafogo encontrar a luz no fim de um túnel do tempo pelo qual passou por quase três décadas. Fechando incontáveis ciclos, dos mais frescos na memória aos que mais se arrastavam, o Brasileirão, que foi trauma em 2023, virou glória em 2024. Depois de 29 anos, a estrela solitária brilha no topo do país. A vitória por 2 a 1 contra o São Paulo foi mero protocolo para uma festa anunciada, em um salão que ainda não havia visto seu dono comemorar. Há pouco mais de uma semana, veio o título da América em Buenos Aires e, ontem, foi a vez de Savarino e Gregore decretarem que o melhor futebol do país mora no Engenho de Dentro.


A taça ficou a minutos de ser levantada em Porto Alegre, na última quarta-feira, mas, após passar por tanta coisa, o torcedor alvinegro merecia uma tarde em casa reservada para isso, na qual não aconteceria apenas um amistoso em campo. Os quase 42 mil presentes chegaram à arquibancada com alguma dose de suspense, que foi rapidamente afastada por mais um lindo mosaico em dois tempos, expondo a capacidade de “resistir”, e por uma equipe muito regular que fez por merecer.


Várias gerações cresceram ouvindo sobre a vitória na final contra o Santos, com a geração de Túlio que se consagrou no Pacaembu, que parou o Aeroporto Santos Dumont na volta ao Rio de Janeiro. Agora, todos têm suas próprias memórias. Savarino, Luiz Henrique, Igor Jesus, Almada, Marlon Freitas, Gregore, John, Alex Telles... John Textor, que comprou a SAF em 2022 e mudou os rumos da história do clube com investimentos pesados. Estes e outros nomes já estão eternizados pelos feitos de 2024.


No comando, Artur Jorge fez história. O treinador português, que aportou no Brasil em abril para conquistar o continente, fez o clube ser apenas o terceiro da história a vencer a Libertadores e o Brasileirão no mesmo ano, junto do Santos de 1962 e 1963, e do Flamengo de 2019. Foi uma liderança praticamente incontestável, finalizada nos 79 pontos. O Palmeiras era o único concorrente, mas ainda perdeu para o Fluminense em casa.


A partida de ontem foi quase protocolar, com um Botafogo completo contra um São Paulo alternativo que pouco buscou jogo nos primeiros 30 minutos. Quando os lances começaram a sair, porém, o alvinegro exerceu domínio mais do que natural. Primeiro, Igor Jesus perdeu grande cabeçada na frente de Jandrei. Depois, recebeu uma bola bem recuperada por Marlon Freitas no campo de ataque e serviu Savarino, que tocou com categoria por cima para abrir o placar. Um golaço.


Vice-artilheiro da temporada do Botafogo, o venezuelano merece um capítulo à parte. Com 14 gols e 12 assistências em 2024, foi líder em participações em gols no ano (26) e um jogador especial, talvez o mais importante do esquema do treinador português.


Próxima parada: Catar

Jesus e Alex Telles tiveram chances para ampliar, mas o alvinegro ainda tinha todo segundo tempo para incluir mais atrações no roteiro. Luiz Henrique acordou nos 45 minutos finais, com alguns dribles pela direita e um chute que Jandrei pegou. O gol de empate de William Gomes trouxe um tempero improvável, mas o empate ainda era suficiente. Na reta final, Gregore, expulso na final da Libertadores, libertou o grito preso na garganta dos alvinegros.


A equipe termina com a melhor defesa, o terceiro melhor ataque, a melhor campanha como visitante, e invicta contra equipes do G6. Os números mostram que o campeão não poderia ser outro.


Desde que o Botafogo se mudou para o estádio, em 2007, viu rivais conquistarem títulos relevantes por lá, de Cariocas a Brasileiros. Agora, o alvinegro inaugura uma nova era, com a volta olímpica mais especial de todas.


A equipe mal pôde festejar. No começo da madrugada, embarcou para o Catar para tentar mais uma conquista. Na quarta-feira, às 14h, estreia na Copa Intercontinental contra o Pachuca-MEX. Para um elenco que fez o clube atravessar o escuro do próprio túnel do tempo, não custa sonhar cada vez mais alto.

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