Artilheiro da Libertadores 2024: Júnior Santos dedica título ao Pai, e revela que sonhou que faria um gol de perna esquerda pelo Botafogo contra o Atlético Mineiro

    
Júnior Santos foi o autor do gol do alívio nos minutos finais, marcando o terceiro gol pelo Botafogo contra o Atlético Mineiro - Foto Reprodução: Vítor Silva/Botafogo




Pelo segundo ano seguido, a Libertadores tem mais um campeão inédito. O Botafogo venceu o duelo contra o Atlético-MG, por 3 a 1, e é o novo dono da América. Mas, a jornada até a taça não foi fácil, nem na jornada do clube, e nem para os jogadores protagonistas dela. O gol que confirmou a vitória no último minuto da partida veio dos pés de Júnior Santos, aquele que também marcou o primeiro do Glorioso na competição. E com o gol marcado na final, totalizou 10 Gols pelo Botafogo nesta campanha linda!


Em fevereiro, o Alvinegro enfrentou o Aurora pela primeira partida na Libertadores. Apesar do empate em 1 a 1, o primeiro gol do Botafogo no torneio também veio de Júnior Santos. A partir daí, o camisa 11 começou a viver sua melhor fase na carreira, empilhando gols e batendo recordes pelo clube. No jogo da volta contra o time boliviano, o atacante marcou quatro gols na goleada de 6 a 0 no Nilton Santos.


Apesar da boa fase, a temporada de Júnior Santos não foi fácil. Assim como a jornada do Glorioso na competição continental.  Na fase de grupos, começou com derrotas para LDU e Junior Barranquilla, e parecia eliminado. Mas aí, chegou o ponto de virada da temporada: Artur Jorge. Com o novo técnico, venceu três seguidas e se classificou com antecedência para as oitavas de final.


Quando chegou o sorteio do mata-mata, o primeiro adversário foi o Palmeiras. Muitos questionaram, ou deram o Botafogo como eliminado, contra um time tradicional na competição e atual bicampeão brasileiro, e principalmente, pela rivalidade que ganhou força depois da temporada de 2023. Porém, o Glorioso foi soberano, e mostrou que os fantasmas do passado já não existem mais. Venceu por 2 a 1, em casa, e confirmou a classificação no Allianz Parque com um empate.


Enquanto isso, Júnior Santos também passava por dificuldades. O atacante sofreu uma fratura na perna no jogo contra o Internacional, no primeiro turno, após dar uma arrancada no meio-campo, e precisou passar por cirurgia que o tirou do gramado por quatro meses. Naquele momento, ele era o artilheiro do time com 18 gols e cinco assistências, além de artilheiro da Libertadores, com nove gols.


Os jogos foram passando, os adversários foram ficando mais difíceis e as partidas mais decisivas. O Botafogo encarou o São Paulo nas quartas, e o Peñarol nas semis, mas superou todos, deixando 11 títulos de Libertadores para trás. Era a hora da volta por cima.


O artilheiro voltou aos gramados em setembro, na partida contra o Grêmio no Mané Garrincha. Apesar de poucos minutos em campo, o jogador mostrou que seria um 'reforço' importante para a reta final da temporada. E foi.


Parecia escrito nas estrelas que o gol da confirmação do título sairia dos pés do artilheiro da competição. Júnior Santos aproveitou o rebote na área para fazer 3 a 1 e cravar seu nome na história do Botafogo. Além do gol, se tornou o maior artilheiro do Botafogo na história da Libertadores, com 10 gols.


Após a partida, o jogado falou sobre a emoção do título, principalmente, pelas dificuldades enfrentadas durante a temporada.


- A obra da segunda casa é maior que a da primeira. Sempre acreditei em Deus, com muita fé e determinação. Foi muito trabalho para chegar aqui. Sou jogador profissional, então, em meio a tudo, sempre é necessário acreditar e nunca desistir. Essa é a minha sina. Hoje, o objetivo é desfrutar deste momento. A gente fica em êxtase. Só penso em aproveitar. Sou campeão.


Campeão e artilheiro, Júnior Santos chora ao lembrar do pai em entrevista após título do Botafogo e diz: ‘Ele acreditou em mim quando não acreditei. Não desacredito de mais nada, ia entrar e fazer o gol’


Autor do terceiro gol do Botafogo na vitória por 3 a 1 sobre o Atlético-MG, neste sábado, no Mâs Monumental, Júnior Santos foi campeão e artilheiro da Libertadores. O atacante deu ótima entrevista à ESPN após o jogo em mais uma lição de vida.


Inicialmente, Júnior Santos destacou como foi trabalhar para voltar a brilhar na reta final após grave lesão que sofreu em julho.


– É muito difícil o jogador ficar fora por contusão, no melhor momento da minha carreira. Via o time indo bem, sempre estava presente, quis o melhor para o grupo. Quem me conhece sabe. O mais importante era o Botafogo. Fui trabalhar o meu mental, estar o mais forte mentalmente, estou tentando ganhar ritmo ainda, porque não tem tempo para treinar, para desenvolver o que tenho de melhor. O tempo que tenho entrado tenho tentado colocar vontade, raça. Estou muito feliz de fazer o gol e de nos consagrarmos campeões da Libertadores – afirmou Júnior Santos.


O atacante revelou que sonhou com este momento desde que começou a jogar bola.


– Sonhei com isso. Em um vídeo meu, jogando na tribo que cresci, em Conceição de Jacuípe, tinha 20 anos, jogando em campo de terra, falava “sou o Rakitic”, às vezes dizia “hoje vou jogar só com a perna esquerda, sou o Messi”. Sempre me imaginei jogando em grandes estádios. Quando vi a oportunidade, fiz gols na pré-Libertadores, falei “tem algo reservado para mim”. Me ajudei fazendo as jogadas, indo para cima. Era momento de segurar, falei “tô nem aí”, fui para cima. Sempre imaginei – contou Júnior Santos, que se emocionou quando lembrou do pai.


– Falo para os jovens, continua batalhando, se não der para ser jogador, seja cidadão de bem, honre pai e mãe. Quero dedicar a meu pai, minha mãe, meus familiares. Meu pai até chegou a me ver jogar, mas tinha perdido a memória. É uma coisa que me dói muito. Já falei da minha trajetória, fui um jovem muito rebelde, não segui os conselhos do meu pai na infância, me arrependo muito. Muitas pessoas falavam mal de mim onde eu morava, com razão. No meu melhor momento, ele não está aqui para ver, mas agradeço a Deus porque está me vendo onde estiver, a pessoa que me tornei. Erro como pessoa, sou falho, mas quero dedicar ao meu pai, sou campeão e artilheiro da Libertadores – destacou.


O conselho que o pai deu e Júnior Santos atendeu foi de não desistir do futebol.


– Foi o pedido que atendi dele. Estava jogando no Oswaldo Cruz, time de quarta divisão, já tinha dois filhos, as contas não estavam batendo. Falei que ia trabalhar, ele falou “você está em São Paulo, seu pai sempre quis e nunca foi, você foi de avião”, a gente que é da roça nem sabe o que é isso (risos). “Se voltar, não fale mais comigo”. No momento que não acreditei em mim, ele acreditou. Hoje não desacredito mais de nada, por isso acreditei que ia entrar e fazer o gol – comentou.


Por fim, Júnior Santos lembrou de 2023 e de como o Botafogo se fortaleceu.


– Zoação é normal, o povo brasileiro é assim, de zoar. Mas na nossa vida valemos o que conquistamos, o que ganhamos. Se você é campeão, é vencedor. Se Neymar ganha a Copa do Mundo, é o melhor do mundo. Quantos títulos você já ganhou, nunca ganharam Libertadores? Se chegar no supermercado um cara com terno e um mendigo, o de terno vai ter mais relevância. Mas na minha opinião somos vistos como Deus nos vê, independentemente de título. Não sou o que as pessoas acham, sou o que Deus pensa de mim. Sou um vencedor, um campeão, saí da tribo, da favela, se não tivesse aqui seria vencedor também, porque conheci Jesus, sei que ele pode livrar e salvar. Vim de vida sofrida, vícios, virei nova pessoa, Deus me transformou e me deu possibilidade. Esse grupo mostrou que é vencedor, 2023 foi para nos tornarmos mais fortes. Somos campeões – completou.


Assista a entrevista de Júnior Santos à ESPN, após a Final da Libertadores 2024:


Depois do título, a delegação alvinegra retorna ao Rio de Janeiro na tarde deste domingo (01/12), para receber o abraço da torcida. Em seu próximo compromisso, o Botafogo enfrenta o Internacional, no Beira-Rio, às 19h30 (de Brasília), para defender a liderança e com chances de confirmar o título nacional.

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