(Foto: Vitor Silva/ Botafogo)
Acionista Majoritário da SAF Botafogo, John Textor deu uma longa e excelente resposta nesta quarta-feira (4/9) sobre as recentes discussões sobre fair play financeiro no Brasil, iniciadas após o Glorioso ir forte ao mercado na temporada 2024 e voltar a ser uma potência no país. O empresário norte-americano falou sobre o assunto durante a apresentação dos reforços Adryelson e Vitinho no Estádio Nilton Santos.
Com representantes de Fluminense, São Paulo, Fortaleza, Internacional, Vasco, Atlético-GO, Flamengo e Palmeiras, a Comissão de Clubes começou a debater sobre a implementação do Flair Play Financeiro no futebol brasileiro. Durante a apresentação de Vitinho e Adryelson, o dono da SAF do Botafogo, John Textor, falou sobre o tema e afirmou que o clube gasta 45% da receita em salários.
“Nós estamos agindo de acordo com o fair play financeiro. Estamos gastando 45% da nossa receita em salários. O restante são em ativos, que vão crescer em valor. As pessoas estão ofendidas que o Botafogo está voltando. Nós somos o mais tradicional, o Glorioso. Nós começamos isso tudo. Estamos aqui e não vamos a lugar nenhum”, afirmou.
Textor começou criticando o fair play financeiro que é adotado na Europa, dizendo que as regras atuais apenas ajudam a manter os privilégios dos clubes mais ricos e poderosos.
– Vamos começar com a definição de fair play financeiro, parece ser algo óbvio, todos querem fair play. Não é o que a expressão significa na Europa, se você for ao meu site verá que falo sobre isso. O termo fair play financeiro é uma fraude, porque não é justo o suficiente. Fala que os times só podem gastar 75% das receitas com salários de jogadores. É uma regra na Europa que foi feita para permitir que os grandes times, com suas grandes marcas, como Liverpool, Manchester United, de gastar mais dinheiro. Isso não é justo. O Crystal Palace tem que jogar contra o Manchester United, que é permitido gastar mais com jogadores, não há paridade financeira. Não é fair play financeiro, é unfair (desleal) – afirmou Textor.
Assista abaixo:
– Eles colocam outras palavras, como sustentabilidade, que há fair play financeiro porque se importam com seu clube. Na Premier League, você tem pequenos clubes adquiridos por megabilionários, com muito dinheiro, mas eles não podem gastar. Só os grandes clubes, com os maiores orçamentos globais, são permitidos a gastar. Não é sobre sustentabilidade financeira para a saúde do clube, mas sim uma prática injusta, uma regra feita para permitir uma hegemonia, dos grandes clubes sempre serem dominantes – completou.
John Textor ressaltou que o contrato que assinou para se tornar acionista majoritário do Botafogo o obrigava a investir, e ele apenas está cumprindo com suas obrigações.
– Sobre o Brasil. Quero lembrar a todos que eu vim para cá por causa do conhecimento dos legisladores, que criaram a Lei da SAF. A Lei da SAF convidou os investidores estrangeiros, o dinheiro viria de fora para dentro do Brasil. Isso é bom não só para o futebol, mas como para a economia brasileira. Eu assinei um contrato que exigia eu investir no clube, não apenas operar, mas investir fortemente no clube, nas estruturas, nos jogadores… A Lei da SAF exigiu que eu investisse, e eu estou investindo – afirmou.
O empresário norte-americano explicou que o Botafogo precisou gastar muito dinheiro para conseguir competir em alto nível no futebol brasileiro, citando que teve de começar “do zero”, por conta da situação financeira que o clube se encontrava antes da temporada 2022.
– Quando as pessoas falam que a Eagle gasta muito mais dinheiro do que Flamengo e Palmeiras, é claro que fizemos. Tivemos que construir um elenco do nada. Eles têm times maduros, que foram construídos ao longo dos tempos, têm categorias de base consolidadas, com jogadores como Endrick surgindo no seu jardim. Tivemos que voltar à Série A e ser competitivos, tivemos quatro semanas para montar um elenco com 27 jogadores e escapar do rebaixamento. É claro que tivemos que gastar mais do que os outros, porque construímos do nada, e o contrato exigia que fizéssemos exatamente o que está sendo feito – disse.
John Textor ainda ironizou a reunião da Comissão Nacional de Clubes que aconteceu na segunda-feira, na sede da CBF, que começou a debater regras de fair play financeiro no país, citando até mesmo a presença de Pedrinho, presidente do Vasco.
– Estou construindo uma relação com Pedrinho, presidente do Vasco. O Vasco tentou executar a SAF, seu contrato exigia os investidores a investirem até mais do que eu sou obrigado. Achei muito peculiar que o Pedrinho estivesse nesse encontro falando sobre fair play financeiro, só porque sua SAF não funcionou tão bem. Ele tentou fazer a mesma coisa, não funcionou e agora ele está em uma reunião onde não fui convidado reclamando sobre como investimos? Se a 777 ainda estivesse aqui, o Vasco estaria fazendo a mesma coisa agora – disse Textor, que deixou claro que o Botafogo está em conformidade com as leis:
– Estamos atuando em conformidade com o fair play financeiro, gastando 45% do nosso orçamento em salários. Estamos investindo nosso capital em ativos, estruturas e contratações de jogadores. Apesar das pessoas estarem ofendidas que o Botafogo repentinamente se tornou forte de novo, somos o clube mais tradicional do Brasil, somos o Glorioso, não fiquem tão surpresos que o Botafogo esteja novamente perto de vocês como times top do país. Botafogo, Santos… Somos o Glorioso. Estamos aqui e não vamos mudar.