Senador Carlos Portinho denuncia falhas de integridade, nas câmeras do VAR e diz que CBF mentiu à CPI: ‘Está brincando com um assunto sério. Ninguém aqui é palhaço’



A CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, criada depois das denúncias feitas por John Textor, teve uma sessão quente nesta terça-feira (6/8), a primeira após o recesso parlamentar. Integrante da comissão, o senador Carlos Portinho (PL-RJ) denunciou que a CBF mentiu ao dizer que não é obrigada a ter um oficial de integridade.


Esse vácuo ocorreu em 2023, justamente no período em que os relatórios da “Good Game!”, utilizados pelo acionista da SAF do Botafogo, apontaram erros de procedimento nos jogos Botafogo 3×4 Palmeiras (na expulsão de Adryelson) e Palmeiras 1×0 Vasco, ambos pelo Campeonato Brasileiro de 2023 – entre outras partidas.


– Do período após o Sr. Rômulo Reis, em 2022, até 2024, com o Sr. Gussem, quando ele entrou, pelo menos, não houve oficial de integridade, e pelo menos 109 alertas foram enviados pela Sportradar, acusando possível manipulação em partidas que a gente já viu da Série B, Série C e Série D do futebol brasileiro. A CBF está brincando com um assunto sério, está brincando com esta CPI. É inadmissível o que o presidente da CBF, Sr. Ednaldo, por quem eu tenho o maior respeito, mas ninguém aqui é palhaço, escreveu e botou no papel, não foi de boca, não: que não existe nenhuma obrigação de qualquer natureza. Como não, se a Fifa está aqui, obrigando? – disse Portinho, que mostrou uma normativa da Fifa de 2012 sobre o tema.



– Então, mentiu a CBF para esta CPI, o que é grave, e eu peço que, ao final, a gente, em deliberação secreta, discuta esse assunto para que a gente possa tomar providências, mas já consignando ao relator que, no período de 2023, a CBF não cumpriu obrigação como afiliada à Fifa, e não havia nenhum agente oficial de integridade, o que é gravíssimo para o futebol brasileiro, para os clubes que investem a sério no futebol brasileiro e se sujeitam a pelo menos 109 alertas, sem ter na CBF uma pessoa indicada para atuar. Então, é mentira – completou.


Carlos Portinho ainda apontou outros problemas. Em resposta a um ofício, a CBF informou que não havia um quality manager (gerente de qualidade) do VAR nas duas partidas citadas, o que contraria as normas. E destacou a falta de qualidade das câmeras disponibilizadas para o VAR, o que dificulta a interpretação dos lances.


– A gente está levantando uma lama aqui nesta CPI. Nenhuma das câmeras, com exceção da câmara da linha do gol – e essa da linha do gol é da CBF, ela compra e ela coloca; das outras, a CBF se vale de quem estiver transmitindo a partida, qualquer um -, as outras câmeras não têm resolução 4K. Todas as câmeras da Série A do futebol brasileiro… Eu estou pegando por amostragem desses dois, duas partidas que valiam liderança, certamente, no Campeonato, não era um joguinho da Série B, Série C. Todas as câmeras têm apenas a resolução HD. É assim que estão sendo tomadas as decisões do VAR no Campeonato Brasileiro! – criticou.


– Acordem, clubes de futebol do Campeonato Brasileiro! Estão ameaçando o produto. Isso é uma ameaça ao produto. A negação de que tudo isso está acontecendo é uma ameaça ao produto futebol, à integridade do resultado esportivo, vira discussão de mesa de bar dentro de uma cabine do VAR, porque a gente está vendo que não só, parece, o software não é o mais atualizado, como é na Premier League, como as câmeras não são com resolução 4K. E a gente está adivinhando a interpretação de lances, afastando o que é óbvio e discutindo sobre o que é duvidoso – continuou.


– O descaso que a gente está revelando da instituição CBF, com manipulação de resultado, com a ausência de oficial de integridade, com a ausência de quality manager nas partidas e com a ausência de uma câmera com alta resolução, que deveria ser a preocupação primeira dela… Ela deveria ter, no mínimo, seu equipamento – paciência! – vezes o número de jogos. Vai ter que investir, sim, ou então não usa o VAR, porque ele está atrapalhando, está prejudicando o futebol brasileiro. Está comprovado aqui – encerrou o senador.


Os senadores ficaram de se reunir após a sessão, de forma secreta, para deliberar sobre o tema levantado por Portinho e quais providências poderiam tomar.

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