Artur Jorge diz que festa antes da bola rolar contagiou o Botafogo e pede: "Jogadores merecem que acreditem neles"


Em noite de linda festa no estádio Nilton Santos, o Botafogo saiu na frente nas oitavas de final da Copa Libertadores da América. Com gols de Luiz Henrique e Igor Jesus - e Maurício para os visitantes -, o Alvinegro venceu o Palmeiras por 2 a 1 na noite de quarta-feira, no Rio de Janeiro.


O resultado garante a vantagem do empate para o Botafogo na partida de volta. Qualquer vitória palmeirense por um gol de diferença leva disputa para os pênaltis. A partida de volta será em São Paulo, no estádio Allianz Parque, às 21h30, na quarta-feira que vem.


Antes, o Alvinegro tem outro desafio grande. Líder do Brasileiro com 43 pontos, o Botafogo enfrenta o segundo colocado Flamengo, no clássico da Rivalidade marcado às 18h30, no estádio Nilton Santos.


Artur Jorge e Abel Ferreira em Botafogo x Palmeiras — Foto: Alexandre Durão


O treinador do Botafogo, Artur Jorge, disse que a festa da torcida - com mosaico em dois lados antes da partida - foi contagiante para o grupo de jogadores. Com os pés no chão, afirmou que o Alvinegro mereceu a vitória sobre o Palmeiras. Mas lembrou dos perigos do jogo da semana que vem.


- Os jogadores merecem que acreditem neles. Da forma como têm trabalhado, da forma como têm agido nessa temporada em todos os jogos, eles merecem esse grau de confiança, esse apoio constante porque temos muitos jogos pela frente e difíceis batalhas.


Sobre o jogo, treinador avaliou que a equipe procurou o resultado desde o início e foi recompensada com os gols no primeiro tempo.


- O jogo foi muito importante para nós em termos de resultado. Era importante fazer isso na nossa casa. Fomos competentes no plano de jogo e os jogadores foram rigorosos para contrariar uma equipe muito forte, individual e coletivamente. Procuramos o resultado que nos desse essa vantagem. Teremos a segunda partida e é isso que nos comprometemos. Lutar por ela até o limite. Demos um passo, mas ainda falta. Não terminou, mas começou. Vamos pensar nesse jogo para seguir com essa chama e essa forma de jogar tão apaixonada para ter sucesso. Domingo temos mais um jogo de grande exigência - disse o treinador, referindo-se ao clássico com o Flamengo.


Lance de Barboza no fim

Ao lado do zagueiro Alexander Barboza na entrevista coletiva, Artur comentou o pedido para seu defensor ir para a área na última bola do jogo, quando o zagueiro subiu bonito e cabeceu por cima. À beira do campo, o treinador fez gestos para seu jogador atravessar o campo e subir para o escanteio.


- Naquele momento os jogadores não têm a percepção do tempo que falta, a tentativa era porque nós tínhamos um lance com a possibilidade de termos uma finalização, com uma bola dentro da área. E naquele momento era importante termos os jogadores mais fortes também, o Barboza acaba sendo o finalizador naquela jogada. Era uma tentativa mais. Mas preciso dizer: uma vantagem é uma vantagem. Nós procuramos qualquer vantagem que pudesse hoje aqui ser conseguida, quanto mais, melhor para nos dar conforto. Era tentar tirar proveito da situação de bola parada, com jogadores dentro da área, com muita gente dentro da área para tentar o gol, mas infelizmente não foi possível fazer o gol, que nos daria uma maior margem em termos de conforto e resultado - comentou o técnico.


"Nós dominamos o jogo"

O treinador analisou possível queda de rendimento do Alvinegro na segunda etapa. Ele discordou da pergunta do repórter e embasou a resposta com alternância natural de posses de bola numa partida e, claro, ressaltou a qualidade do adversário que tentava o empate do outro lado do campo.


- Não acho que tenha havido nenhum tipo de queda de rendimento. São circunstâncias de jogo e contextos de jogo que podem ser diferentes de um tempo para o outro. No primeiro tempo, nós tivemos algumas oportunidades. Houve a primeira com o Luiz Henrique, uma oportunidade muito clara, tivemos outras com finalizações para tentar fazer mais. Mas há do outro lado uma outra equipe. Nós temos que saber interpretar aquilo que são os momentos de jogo e saber perceber que não jogamos sozinhos. Nós não vamos ser dominantes (o jogo todo). Não vamos estar constantemente a jogar dentro da área do adversário. Mas acho que nós dominamos o jogo. Hoje fomos superiores - disse o treinador do Botafogo.


- Atacamos mais no primeiro tempo. Tentamos algumas saídas mais de transição numa segunda metade. Mas controlamos o jogo. Tivemos muito bem no processo defensivo, com uma equipe muito compacta, muito agressiva, muito segura daquilo que era esse momento defensivo também. Não permitimos grandes ocasiões ao adversário. Nós cedemos a alguma iniciativa adversária, mas há duas justificativas: nós estamos jogando com uma equipe boa que busca o resultado e a outra é que nós temos uma vantagem que queremos guardar também. Portanto há aqui esse contexto que nós temos que avaliar para percebermos que o jogo não tem 45, não tem 90 minutos. Nestes 90 minutos fomos superiores e merecemos a vitória de uma forma geral por aquilo que nós fizemos durante todo este período - comentou.


Mais da coletiva de Artur Jorge:

Postura na partida de volta


- A postura que nós iremos trabalhar será sempre de entendermos que temos uma vantagem no resultado. Mas temos uma eliminatória para disputar. Este jogo não nos garante rigorosamente nada. Nós temos como objetivo chegar às quartas de final e para isso temos que ser superiores em dois jogos, frente a um rival muito duro, muito competente também. Dentro disto que nós vamos olhar para esse jogo para podermos preparar, pensar e definirmos aquilo que possa ser a melhor estratégia para nós conseguirmos o resultado que queremos. Porque sabemos que não vamos defender resultado nenhum. Vamos ter que demonstrar uma vez mais ambição e demonstrar personalidade, coragem em busca do resultado e em busca dessa passagem de fase.


Elogios de Abel Ferreira ao time e à defesa


- Eu não gosto muito de ter setores defensivos, gosto de ter um setor de 11 homens a defender. E acho que o mérito está também por aí. Eu divido isto com os meus atletas muitas vezes, de que às vezes não sofremos gols e onde aquela linha de quatro, mais o goleiro, são aqueles que mais responsabilidade têm. Mas porque pressionamos na frente, porque obrigamos a equipe a desmontar... Há uma série de condicionantes que nos obrigam muitas vezes a olhar mais à frente do que propriamente àquilo que são os defensores mesmo. Mas a verdade é que ficam mais vezes na fotografia.


- Nós falamos mais vezes daquilo que são o seu desempenho. Mas é uma verdade também que nós temos que dar mérito por aquilo que temos feito em termos de trabalho defensivo, dentro daquilo que é uma proposta que temos tido. Temos uma equipe muito virada para a frente também, em busca da meta contrária, mas conseguimos defender bem. Hoje, acho que nós tivemos dentro desta missão de defender bem. Tivemos um compromisso muito grande de toda a gente, desde o Igor Jesus, o Tiago Almada, o Luiz Henrique, os jogadores que foram importantes para aquilo que era o nosso processo defensivo, como todos os outros que entraram depois a contribuir para isso. Isto faz parte daquilo que é o comportamento que nós criamos coletivamente para que nós possamos ser solidários e sólidos nesse momento.


Reforço e alternativa na lateral direita


- Nós termos um lateral direito de raiz hoje no elenco, seguramente queremos ter mais. Estamos a trabalhar nisso, estou também a por alguma pressão na minha diretoria para nós conseguirmos ter esse problema resolvido. Mas temos também no elenco alternativas que nós possamos utilizar, ainda que não sejam jogadores especificamente dessa posição, mas temos dentro de um grupo de trabalho alguns jogadores que têm essa polivalência para trabalhar e jogarem em mais do que uma posição também de uma forma muito competente e que nos ajudou muito para pensarmos em algumas variações.


Jogo a jogo, sem escolher campeonato


- Este mês é engraçado para nós, e temos tido essa forma de abordar cada um dos jogos. Temos obrigação de olhar para todas as competições com o máximo de seriedade. Fiquei muito desiludido e frustrado de ter ficado fora da Copa do Brasil. E temos duas competições que temos que buscá-las até o limite. Só dessa forma que podemos competir e sermos merecedores do lugar que ocupamos. Botafogo hoje é um clube respeitado, tem demonstrado crescimento, que tem tido desempenho e queremos contribuir para essa grandeza. Não vamos olhar para nenhuma das competições com preferência. Vencemos o jogo hoje da Libertadores, domingo temos um jogo tremendo para disputar e vamos disputar com a mesma determinação.


- Temos que ganhar para poder disputar. Depois temos a volta com o Palmeiras. Tem sido assim que estamos conseguindo ter sucesso. Isso não se faz do dia para o outro. Tem que ser equipe que não fica presa com as vitórias, que não fica frustrada quando não se ganha. Continuar a garantir que é uma equipe que vai sempre tentar ganhar os jogos. Essa é a mentalidade que quero criar aqui dentro, vencedora, ganhadora, que não seja um clube olhado de forma simpática, mas sim que um clube seja respeitado e faça valer daquilo que seu desempenho e as suas vitórias seja merecedor do respeito de todos os adversários.


Elogios de Abel? "Não precisamos"


- A primeira coisa que amanhã vou falar com eles é que não se deixem iludir. Hoje fizemos um jogo competente, mas não podemos adormecer. Nem pensar que está tudo feito, porque já tiveram isso na pele, de que quando facilitaram tivemos resultados adversos contra equipes teoricamente mais acessíveis. E nós não podermos andar a deixar por aquilo que nos querem vender. Hoje ganhamos porque fomos mais competentes, fomos agressivos, fomos acima de tudo mais competentes. Mas essa competência, atingir sucesso só se nós formos consistentes, se nós conseguimos fazer o que fizemos hoje no próximo jogo.


- E eu acredito, se nós formos a pensar que do outro lado está um técnico, está uma equipe que gostou muito do Botafogo, gostou muito das características dos jogadores do Botafogo, que tem atacantes que seguram muitas vezes a bola, que tem zagueiros que ganharam todos os duelos, se for essa a mensagem que os meus jogadores levem para dentro de campo na próxima quarta-feira, não vamos conseguir. A mensagem é precisamente o contrário. Aquilo que nós fizemos foi bom, mas não chega. Temos que fazer muito melhor, muito mais do que aquilo que nós fizemos aqui hoje, para que nós possamos ser capazes de conseguir o resultado que queremos.


- Nós não precisamos de elogios, nós não precisamos de grandes avaliações de fora, porque eu também não faço com o rivais. Faço internamente para como os meus, agradeço que haja reconhecimento por aquilo que foi o desempenho da minha equipe, mas a minha equipe hoje fez um jogo que foi suficiente para poder ganhar. Não será nunca capaz de ficar ou de pensar que ganhou ou que ganha no domingo ou não ganha na próxima quarta-feira jogando desta forma. Fizeram as coisas bem feitas, mas têm que fazer melhor ainda. Permitimos, hoje, ocasiões, permitimos gol, portanto, não foi tudo bem feito. Os meus jogadores, hoje, saiam daqui satisfeitos, contentes, foi um bom jogo, tudo muito bom, mas amanhã há trabalho para trabalhar mais, porque a próxima jogo tem que ser melhor do que aquilo que foi hoje. A abordagem e a competitividade, quando abaixamos, somos surpreendidos e acabamos de ficar por um caminho.


Afago em Abel


- O Abel é uma referência para todos nós, portugueses. É um treinador vencedor, é um treinador que tem conseguido ser dominante aqui no Brasil e mesmo em termos de competições sul-americanas. Portanto, é um desafio exatamente por aquilo que é sua competência, por aquilo que são os grandes valores que tem à sua disposição, da excelente equipe que tem, daquilo que é sua estrutura, de tudo aquilo que é envolvência para que o trabalho de um treinador possa ser proveitoso e de sucesso. E naturalmente que estes são desafios que nós temos que dar e lutar para podermos ser capazes de superar quem está habituado a ganhar muitas vezes aqui no Brasil também.


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