Em entrevista à Botafogo TV no pré-jogo da transmissão internacional do jogo contra o Palmeiras, na última quarta-feira (17/7), John Textor deu mais detalhes dos planos que têm para expor ainda mais a marca do clube para o exterior. O dirigente citou um crescente interesse das pessoas fora do país pelo Glorioso, após a campanha histórica do ano passado, no Brasileirão-2023.
– As pessoas gostam de drama, dos extremos, das grandes vitórias e das incríveis derrotas. Tudo de bom e ruim que aconteceu ao nosso clube faz parte da história. Odeio dizer isso, mas nos torna interessantes para o mundo a maneira como passamos aquele ano horrível e como devemos voltar com mais força para seguir em frente, as pessoas estão torcendo por nós. Já tínhamos um nome, só estamos lembrando às pessoas desse nome. Não precisamos construir uma nova marca, só relembrá-los, é um time campeão, voltamos e estamos aqui para competir, e as pessoas estão prestando atenção nisso. Hoje estamos transmitindo para 16 países, isso é incrível – disse Textor.
O acionista majoritário da SAF do Botafogo falou também sobre a participação do Botafogo em torneios internacionais e lembrou do problema do calendário brasileiro. Ele aposta na reformatação da Superliga para que seus planos deslanchem.
– Trabalhar o calendário é um pouco complicado, o Crystal Palace está fazendo a pré-temporada nos Estados Unidos e nós estamos aqui a todo vapor. É incompatível. Na última vez que jogamos contra o Crystal Palace foi difícil, tivemos que convencer os jogadores a estender a temporada, eles estavam prontos para irem para a casa, eu pedi a eles para jogarmos em Londres e eles toparam. De forma estruturada, já deixei bem claro, acho que a Superliga é algo que vai acontecer, foi criada de forma errada no começo, não protegeu as ligas nacionais, mas acho que um formato mundial da Superliga… O mundo quer jogador futebol, as equipes da América do Sul querem enfrentar a Europa, não apenas no Mundial de Clubes – afirmou.
– Acho que nos próximos três a cinco anos vamos ver uma reinvenção da Superliga, talvez mais cedo, acho que isso vai deixar o mundo mais conectado. Temos que limpar alguns jogos do calendário, alguns desses campeonatos dinossauros terão que esperar, ir embora, precisamos tomar cuidado com o corpo dos jogadores, deixá-los descansar. Acho que o mundo todo está pronto para jogar, quero que o mundo jogue, e acho que podemos fazer parte para que isso aconteça – completou.
Por fim, John Textor deu mais detalhes do documentário que será feito para contar a história do Botafogo, produzido pelo maior estúdio de cinema dos Estados Unidos.
– Recentemente anunciamos na entrevista ao ‘ge’ que estamos trabalhando num documentário, chamado “Time to Set Fire”. A maioria das pessoas ao redor do mundo não sabe o que significa (o nome do clube). Alguns dos nossos desafios inspiraram esse documentário, coisas que eu senti que seriam importantes contarmos para o mundo. É uma história sobre origens, como começar com grandes campeonatos, grandes ídolos como Garrincha, a contribuição para as Seleções Brasileiras que ganharam Copas do Mundo… Acho que será um documentário de múltiplas temporadas. Será produzido pela Trilith Studios, que é o maior estúdio de cinema dos Estados Unidos, é dirigido pelo Frank Patterson, um grande amigo meu, um grande cineasta, fazem todos os grandes filmes da Marvel, os Vingadores… Vai contar muito mais da nossa história do que apenas o episódio do último ano. É uma ótima oportunidade de mostrar ao mundo quem somos – revelou.
Empresário com experiência no ramo, o norte-americano falou com empolgação do fato de o Glorioso conseguir transmitir suas partidas para o exterior.
– Sou um espectador desse canal, assisto em todos os lugares do mundo. Estou muito animado por termos optado por não assinar o pacote de TV e decidimos transmitir nossas partidas internacionalmente. É uma pequena e crescente audiência. Só queria dar um alô aos meus amigos, acionistas, diretores, torcedores, todo mundo que acabo conhecendo entrando nesse canal, é muito animador isso tudo – disse Textor.
O empresário norte-americano citou as dificuldades que têm encontrado para fazer o mesmo na França, onde hoje é acionista majoritário do Lyon.
– Na França, alguns clubes estão lutando muito duramente para ter o direito de poder controlar o conteúdo, a TV internacional está mudando, as pessoas estão vendo futebol de forma diferente, os jovens estão vendo futebol num ambiente multiplataforma, eles querem seus jogos, seus games, mídias sociais, e não podemos fazer isso pelas plataformas tradicionais de TV. Tentamos fazer isso acontecer na França nesse ano, mas continuamos na mesma. O Botafogo está rompendo com isso, controlamos nosso conteúdo, somos a única coisa de futebol acontecendo em Londres hoje (quinta-feira), no meio do verão, quando as pessoas estão desesperadas por futebol – afirmou, citando os desafios que os torcedores encaram no exterior:
– Hoje as pessoas do mundo todo estão sujeitas a bloqueios geográficos, com direitos restritos de conteúdo. Sou acionista de um clube, eu viajo pelo mundo e é impossível até ver o conteúdo dos times nos quais tenho interesse. E, se é difícil para mim, com diversas contas, DAZN, Paramount+, tudo isso, quão difícil deve ser para o consumidor médio? Sei que é muito difícil conseguir conteúdo dos times que você ama. Quero dizer que realmente podemos ser um dos poucos clubes importantes do mundo que está conseguindo fazer isso.
A transmissão internacional de Botafogo x Palmeiras atingiu mais de 5,5 mil visualizações no YouTube e mais de 1,2 mil espectadores simultâneos, apesar do jogo ter acontecido na madrugada na Europa.