Senador Carlos Portinho confrontou Leila Pereira na CPI, citando caso de Lucas Paquetá e busca entender John Textor: ‘Quem denuncia não tem a menor obrigação de provar nada’

O senador Carlos Portinho (PL-RJ) confrontou a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, em diversos momentos no depoimento da dirigente na CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas nesta quarta-feira (5/6). O parlamentar deixou claro que o que John Textor denunciou não pode servir de “desculpas” para a perda do título do Botafogo em 2023, mas frisou que o empresário norte-americano acabou agindo desta forma por não haver um canal de denúncias na CBF.


Assista abaixo: 




Portinho citou até mesmo o caso Lucas Paquetá, que está sendo denunciado na Inglaterra por envolvimento num esquema de apostas.


 

– Eu disse ao Textor numa audiência que tão ruim como a manipulação é a suspeita de manipulação. Em parte você (Leila) tem razão, que quando se fazem denúncias isso coloca sob suspeita o campeonato. Mas isso deve servir de iniciativa para que haja uma percepção dessas denúncias. Lamento muito esse entrevero que houve entre os presidentes, mas credito que isso se deve a uma pergunta que vou fazer: quais são os canais de denúncia que tem a CBF? Vamos ser sinceros, quem algum dia poderia imaginar que aquele garoto talentoso como o Paquetá poderia estar envolvido num negócio de manipulação? Se alguém denunciasse, ia falar: “Você está maluco, denúncia infundada!”. Ninguém nem sabem quem o denunciou, porque lá fora há esse canal de denúncias – disse Portinho.


Leila Pereira afirmou que procuraria o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, para apresentar uma denúncia caso ela tivesse conhecimento. Algo que foi rebatido pelo senador.


– Você disse que procuraria o presidente da CBF para fazer essa denúncia porque falta esse canal de denúncia. Não é possível qualquer pessoa envolvida, seja do mundo do futebol ou fora, buscar o presidente para fazer uma denúncia. É claro que teve paixão, a perda do campeonato de forma dolorosa, mas a falta de um canal de denúncia é o que levou ele a jogar na imprensa, da maneira que ele fez. A ausência de um canal de denúncia claro, que proteja o denunciante… Você não pode matar o mensageiro, ele pode estar 100% errado. Talvez ele esteja errado na maneira como expôs sua denúncia, pela falta de um canal de denúncia. Não estou aqui para defender ninguém, só tentando entender – afirmou o senador, continuando:


– Ninguém iria mudar o campeonato por conta disso, mas as denúncias dele nos fizeram chegar até aqui. E é bom porque a Lei de Apostas, que eu votei contra, e foi aprovada até hoje não foi regulamentada. O que ele fez e a CPI está fazendo é tentar contribuir com o futebol, para que esses canais de comunicação, esses protocolos estejam claros, porque a lei é nova, é natural.


Carlos Portinho criticou a falta de um acordo de cooperação entre CBF, STJD e os poderes públicos para tratar de denúncias envolvendo apostas e lamentou que o canhão esteja apontado apenas para o dono da SAF do Botafogo.


– Acho que essa fulanização é até pior do que a própria denúncia infundada. A Leila tem razão em defender sua instituição, mas digo que não se pode matar o mensageiro. O Textor ou qualquer pessoa que faça uma denúncia não tem a menor obrigação de provar. Se ele pode dizer que isso foi para favorecer outro clube ou esculhambar o presidente de outro clube, certamente não. Mas ele também não tem obrigação de provar, porque essa obrigação é da CBF, do MP e do STJD, que infelizmente não tem instrumentos e só pode trabalhar depois que o MP provar – afirmou Portinho.


Por fim, o senador afirmou que a questão da língua pode ter atrapalhado o entendimento do que John Textor está tentando mostrar para a comunidade do futebol brasileiro.


– Não sei se por uma questão de língua, ele trata como prova, mas ele não tem prova, aquilo ali é indício. Aí, analisando os indícios, da mesma maneira que você disse que não traçaram uma linha de impedimento, isso são indícios, gera preocupação. Ele apresentou uma linha traçada na diagonal no jogo Palmeiras x Vasco, isso vai ser apurado e periciado. Não tem nada a ver com o Palmeiras, mas com a qualidade da nossa arbitragem e o uso do VAR que precisa contribuir e não atrapalhar o futebol. No lance da questão do Adryelson (em Botafogo 3×4 Palmeiras), isso é uma questão material, vimos que um ou dois ângulos não foram enviados para a cabine do árbitro de campo. Isso é muito sério, porque pode induzir o árbitro de campo a uma decisão equivocada – salientou.


– Não querer debater esse tema, achar que deve ficar tudo como está, isso me desaponta, porque vamos pagar muito caro no futuro. A gente pode acreditar na boa fé e achar que não tem corrupção, ou podemos criar mecanismos. Achar que não pode fazer nada e deixar tudo como está, se não tiver a iniciativa dos clubes, aí… Azar do futebol – encerrou Portinho.




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