O jogo se encaminhava para uma derrota com má atuação coletiva - o destaque seria apenas para o goleiro John, que impediu o Athletico-PR de ampliar. Mas o Botafogo conseguiu arrancar um empate heroico em 1 a 1, no Nilton Santos, no apagar das luzes. O gol de Bastos aos 52 minutos do segundo tempo retomou o ânimo dos torcedores nas arquibancadas e garantiu a manunteção da sequência de invencibilidade - agora de nove jogos.
Mas nada indicava a cantoria animada dos quase 20 mil alvinegros no estádio após o apito final. Isso porque o Botafogo teve dificuldades para sair da forte marcação individual dos adversários e errou muito. Na troca de passes, na falta de dinâmica ofensiva e nos erros individuais do time de Artur Jorge.
O Botafogo entrou em campo com: John; Damián Suárez, Lucas Halter, Bastos e Cuiabano; Danilo Barbosa, Marlon Freitas, Óscar Romero e Tchê Tchê; Eduardo e Júnior Santos.
O time inicial já indicava maior volume no meio, com cinco meio-campistas de origem. O único atacante era Júnior Santos. Coube ao meia Óscar Romero ser o principal responsável por quebrar as linhas de marcação no primeiro tempo e criar as jogadas. Júnior Santos teve a chance de abrir o placar duas vezes, mas errou.
O primeiro tempo não empolgou. Enquanto o Botafogo trocava passes e buscava os espaços na boa defesa do Athletico, os paranaenses saiam no contra-ataque, principalmente com iniciativas de Fernandinho e Erik, que davam início nas transições com passes longos pelos lados.
Fernandinho, inclusive, tentou um golaço aos 26 minutos, ao ver John adiantando, mas o goleiro se recuperou e fez a defesa - uma de, pelo menos, três boas no jogo. A reta final da etapa inicial teve pressão do Furacão.
Segundo tempo de revés e redenção no fim
O Botafogo voltou igual no segundo tempo e sofreu o gol logo aos 7 minutos. Em jogada de Cuello sobre Damián Suárez, Mastriani superou a marcação de Bastos e conseguiu chegar na bola para empurrar para o gol. O silêncio tomou conta do Nilton Santos, nem os gritos dos poucos torcedores do Athletico foram ouvidos.
Logo após o revés, Artur Jorge colocou Luiz Henrique - que havia começado no banco por opção tática - no lugar de Danilo Barbosa. Mesmo que a ideia fosse acrescentar em força ofensiva, ela seguiu com os visitantes. Cuello, aos 10 minutos, ficou cara a cara com Jhon, mas o goleiro fez bela defesa e livrou o Alvinegro de tomar o segundo.
E então o Alvinegro ensaiou uma reação, um tanto tímida e nervosa. Cuiabano perdeu uma grande chance ao finalizar cruzamento de Damián para fora, dentro da área, aos 15 minutos. Essa foi a melhor chance do time de Artur Jorge, que demonstrava vontade, mas tropeçava no nervosismo e na armadilha da marcação encaixada do time treinado por Cuca - que cumpriu suspensão e não esteve à beira do campo.
Mas foi aos 52 minutos que o ambiente do estádio mudou. Enquanto já se ouvia reclamações entre torcedores, a imagem do goleiro John indo para área no último escanteio do jogo apontava para o último suspiro da esperança. E o time que sofreu com duras viradas no apagar das luzes em 2023 correu para comemorar com Bastos, que cabeceou na área depois da cobrança de Diego Hernández.
Reveja o gol de Bastos:
Júnior Santos partiu na raça pela ponta-esquerda, ganhou um escanteio que Bastos fez o gol de empate com gosto de vitória para o Botafogo. Não foi um bom jogo, mas este gol saiu nos últimos segundos da partida.
— Gazeta Botafogo ⭐📰 (@agazetabotafogo) June 20, 2024
Que lance!!!🔥⭐⚪⚫
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Coletivamente, o Alvinegro não foi bem. Ficou com a bola, mas pouco foi efetivo com ela na maior parte do jogo. Mas, em uma briga direta entre os primeiros colocados, um ponto conquistado em meio às circunstâncias foi um alento e teve gosto de vitória.
Artur Jorge Gomes Torres Amorim, comentou sobre Botafogo 1 x 1 Athletico Paranaense
- O resultado é um ponto a mais somado no nosso percurso. Um jogo difícil, que a gente imaginou que seria. Tivemos um adversário que tem qualidade, que se se sente confortável sem a bola e defende em zonas mais baixas. Era um jogo que precisávamos ter mais paciência, para circular bola. Tivemos um momento que isso foi possível, depois cometemos um erro que resultou em gol. É um ponto a mais somado. Temos que dar méritos ao adversário.
O resultado alçou a equipe carioca a uma sequência de nove partidas sem perder. Artur fez questão de valorizar a série invicta em vários momentos da entrevista coletiva.
O técnico disputou nesta quarta-feira a 10ª partida de primeira divisão desde que chegou ao futebol brasileiro. Depois de um longo trabalho no Braga, em Portugal, ele destacou a dificuldade de uma competição em que há "oito ou nove candidatos".
- São 10 jogos de Série A que eu tenho, todos muito difíceis. Quer em casa, quer fora. Equipes muito competitivas, com bom nível individual e coletivo. Um campeonato muito difícil que temos que manter o nível para tentar manter nosso objetivo, que é estar entre os três melhores.
O Glorioso volta a campo no próximo sábado, às 16h, para enfrentar o Criciúma no Heriberto Hülse, em Santa Catarina. O jogo é válido pela 11ª rodada do Brasileirão. Leia mais respostas do treinador na coletiva de imprensa:
Psicológico
- Eu concordo com você, é uma demonstração forte daquilo que é o caráter da equipe, uma equipe que nunca se entrega, uma equipe que nunca se rende, uma equipe que perante a adversidade luta até a sua exaustão, e hoje vimos que de fato esse último suspiro, esse último momento, para nós é conquistar um ponto, tendo em vista do que era o jogo até este minuto.
- É importante do ponto de vista de continuar sem perder, para darmos continuidade ao nosso trabalho, aquilo que nós queremos enquanto meta final, mas ajuda a reforçar enquanto força e capacidade mental, mas também poder, desta forma, contribuir em pontos um caminho que sabemos que será longo e com grandes dificuldades.
Bastos
- Não posso reduzir a avaliações individuais. Hoje, tenho um elenco competitivo. Qualquer jogador tem condições de ser a primeira opção. Quero dar continuidade a esse estado de capacidade que cada um dos jogadores vai demonstrando.
- A importância para vocês eu sei que se reduz ao ter feito gol ou cometido erro, mas para mim o que importa é o coletivo. Tendo em conta aquilo que foi a dificuldade do jogo, temos que nos resignar, dar continuidade ao trabalho porque sábado teremos outro jogo difícil.
Campeonato Brasileiro
- São 10 jogos de Série A que eu tenho, todos muito difíceis. Quer em casa, quer fora. Equipes muito competitivas, com bom nível individual e coletivo. Um campeonato muito difícil que temos que manter o nível para tentar manter nosso objetivo, que é estar entre os três melhores.
Luiz Henrique no banco
- São opções de jogo, que entendo enquanto o que é nossa estratégia e aquilo que entendemos do adversário. Nas avaliações que fazemos, vemos quais jogadores podem estar melhor preparados para uma primeira abordagem.
- O Luiz hoje não começou e ajudou quando teve oportunidade de entrar. Luiz é mais rápido e vertical. Eduardo tem mais contenção e bola e melhor jogo entre linhas. Sabíamos que era uma equipe que jogava com linha mais baixa e precisaríamos de alguém para jogar nesses espaços. Daí veio essa primeira opção.
Relação e comprometimento
- Está intimamente ligado o respeito que nós temos uns pelos outros com aquilo que é a minha dedicação para acrescentar valor. Não creio que tenhamos mexido tanto quanto vocês estão mencionando.
- Fizemos uma alteração na frente que não me parece relevante para o que foi a dinâmica da equipe. É um ajuste que temos que fazer em função do adversário. O que é importante para mim é resgatar o ponto, de continuarmos sem perder.
- Ainda que hoje tenha sido apenas um empate e não a vitória que queríamos. Uma equipe extremamente ligada. Como os atletas se fecharam nesse momento. Seguramente não foi só pelo gol no último minuto, mas também porque é um grupo muito forte. O objetivo comum será e é sempre que o Botafogo vença.
De quatro atacantes para apenas um
- Há um contexto importante. É perceber que atacantes de posição 9 eu tenho disponíveis para podermos jogar com 4 ou com 5, se for o caso. Mas aquilo que é a dinâmica da equipe, ela se ajusta em função das características individuais de cada um dos jogadores.
- Nós optamos, como eu expliquei, pela questão de termos gente mais capaz de fazer ligação entre a primeira linha de construção e depois o último terço, mas obviamente eu não posso ter atacantes de um momento para o outro e ter atacantes com as características do Junior Santos.
- Obviamente que eu não posso fazer atacantes de momento para o outro e ter jogadores com características do Junior Santos para jogarmos com 1, 2, 3 ou 4 jogadores naquelas posições. Temos que utilizar aqueles que neste momento estão disponíveis e utilizarmos de forma a poder não comprometer a dinâmica.
- Não parece de tudo que isso seja uma desculpa, não seja uma questão para podermos justificar este empate, porque nós conseguimos encontrar o espaço que queríamos em alguns momentos. Mérito de afastar também, nós não podemos esquecer que não jogamos sozinhos.
- Tivemos e conseguimos criar situações dentro daquilo que foi o plano por nós traçado, com jogadores de características ligeiramente diferentes. A ideia passou sempre por isto, depois da ideia é a prática, que às vezes podem não estar lado a lado.
Paralisações de jogo
- Eu acho que esse é um problema generalizado. O tempo útil de jogo. Eu falei isso desde. Hoje, confesso que não sei dizer qual foi o tempo útil de jogo. Já falei isso em uma fase inicial do campeonato onde senti que de fato jogávamos pouco tempo, a importância é da postura é profissional, muito séria, em que todos os minutos contam.
- Tudo aquilo que podemos fazer é trabalhar do primeiro ao último minuto em busca do gol adversário, hoje fizemos o gol no último minuto, e valorizar a abordagem ofensiva da equipe.
Assista abaixo: