Na entrevista coletiva depois da derrota do Botafogo para o Palmeiras por 4 a 0 nesta quinta-feira (9/6), no Allianz Parque, o técnico Luís Castro reforçou o processo pelo qual passa o clube após a chegada da SAF, da comissão técnica e dos novos jogadores. Chateado com o desempenho da equipe em São Paulo, o português busca construir um “time competitivo”.
– O projeto não vive de treinadores, mas sim de si próprio. É um caminho de construção para mantermos na Série A neste ano e ser campeões daqui a dois, três anos. Nunca vendi ilusões porque vim muito de baixo e não vai ser aqui que vou vender ilusões porque mídia, torcida ou direção quer. Neste momento o que temos de seguir é construir uma equipe competitiva. Hoje volto triste porque não tivemos essa capacidade. O Palmeiras foi muito melhor que nós hoje – disse Luís Castro.
Com o processo em andamento, o técnico alvinegro admitiu que precisa fazer mudanças na equipe para reagir no Campeonato Brasileiro – já são três derrotas consecutivas e quatro partidas sem vitória.
– No último jogo, e falo porque tocou no assunto, fomos uma equipe totalmente diferente no primeiro e no segundo tempo. Assim como hoje. Minha preocupação é muita. Embora seja um time em construção temos que mudar algumas coisas. As coisas estão muito claras na minha cabeça. Entendo que a vida do treinador é de vitórias e resultados. Isso para mim está claro. Sei assumir minhas responsabilidades – afirmou o treinador, completando:
– Hoje não conseguimos ganhar duelos, jogar para frente… o dia que a equipe não for digna, o primeiro a sair sou eu. Até hoje, no futebol mundial, não existe um time que tenha sido campeão da Série B para a A. As expectativas estão diretamente ligadas às frustrações. Temos que ter consciência do caminho do projeto do Botafogo.
Luís Castro se incomoda com pergunta sobre esquema tático do Botafogo: ‘Queremos é mudar a falta de atitude competitiva’
O técnico Luís Castro mostrou incômodo com a pergunta de um jornalista sobre a possibilidade de mudar o esquema tático do Botafogo para reagir no Campeonato Brasileiro, após a derrota para o Palmeiras por 4 a 0 nesta quinta-feira (9/6), no Allianz Parque – o terceiro revés consecutivo na competição. Para o treinador português, o problema maior foi a falta de intensidade.
– Você acha que o problema está no esquema tático e na dinâmica desse esquema tático? Hoje atacamos em 4-3-3? (Contra o Goiás) Não atacamos em 4-3-3, mas em 3-4-3. Você acha que em três dias mudamos as dinâmicas do sistema tático para enfrentar o próximo jogo? Sinceramente, vocês acham que é possível isso? Nós agora tivemos dois dias, que nem trabalhamos, os jogadores só se recuperaram. Em três dias não se muda o todo, podem-se mudar pequenas partes. E o que queremos mudar é a falta de atitude competitiva que nós tivemos hoje, isso sim. E aumentar a intensidade como já tivemos em vários jogos e hoje não conseguimos ter – afirmou Luís Castro.
Na sequência de sua resposta, o técnico alvinegro admitiu que o Botafogo esteve bem abaixo do que deveria para enfrentar o Palmeiras de igual para igual.
– No futebol, os resultados são as alavancas dos nossos pensamentos. Mas há muita coisa metida no meio de um resultado. Essa análise mais profunda tem que ser feita. O Coritiba foi melhor que nós naquele jogo sim, não tivemos a capacidade de virar o jogo para o nosso lado. Hoje, o Palmeiras foi melhor, não estávamos no nível que deveríamos estar para enfrentar um Palmeiras dessa dimensão, não conseguimos dar a resposta que o jogo exigia – analisou.
Entretanto algumas coisas preocupam e podem fazer o Botafogo perder o rumo nesta temporada. Algo que não queremos. Algumas convicções de Luís Castro e uma frase de André Mazzuco podem nos deixar preocupados. Ainda mais depois dos 4 a 0 diante do Palmeiras.
Castro parece convicto de que o esquema para o Botafogo dar certo é jogar aberto com dois pontas, tendo dois volantes saindo “bem” para o jogo e meia(s) sobrecarregado(s). Se os laterais apoiarem, melhor ainda. A visão do treinador não me parece a mais certa justamente por conta do momento do time. Ele passa a impressão de perceber um timaço em campo. Já nós vemos uma equipe com sérias limitações. Os adversários também, tanto que o Glorioso perdeu três seguidas já. Castro precisa ser mais conservador. Saber fechar o time quando os jogos pedem.
Com esse esquema o Botafogo não ganha nunca o meio. Pelo contrário. Acaba sendo presa fácil. Além disso fica espaçado em campo, sem comunicação. A falta de criatividade é visível e isso faz parte de um processo de formação de elenco feito com rapidez por conta das necessidades. Que fique claro que isso não se deve a erros de Castro ou dos dirigentes. Seria covardia responsabilizar alguém neste momento.
Botafogo não precisa de um camisa 10?
Apesar de não falar em erros, é preciso aprender com as carências visíveis do time. Aí que entra a preocupação por uma frase de Mazzuco em entrevista ao “O Globo”.
– Queremos aumentar o nível da equipe mais um pouquinho, entender algumas arestas que a gente pode estar fechando. Eu brinco que o pessoal as vezes fala “ah, o Botafogo gastou R$ 70 milhões e nós não temos um camisa 10”. Eu acho isso muito relativo. Lógico que a gente quer mais um meio campista, essas coisas todas, mas por que o camisa 10? Será que é assim que o Luís (Castro) joga? Será que assim que a gente quer jogar? – disse Mazzuco.
Será que Castro não joga com um camisa 10? Será que em alguns jogos não vai ser preciso mais criatividade? Pois em todos os jogos que vimos até aqui sentimos falta desse camisa 10. Dessa referência. Se o Botafogo não tem por conta dos problemas já citados, da péssima disposição das janelas feita pela CBF, entendemos. Mas é preciso corrigir isso na próxima janela de transferências.
Se todos entendemos que o momento ainda é de limitações e que o elenco não é uma maravilha, seu treinador não pode ir a campo como se fosse atropelar os rivais e acreditando que tem Messi, Cristiano Ronaldo e Mbappé na frente tendo Kevin De Bruyne de camisa 10 distribuindo e armando as jogadas. Enfim, ou o Botafogo se reforça com qualidade do meio para frente ou Castro muda as convicções e passa a fechar mais o time. Pois, do contrário, o Botafogo pode perder o rumo. E, é justamente isso o que não queremos.