Botafogo tem vitória gigante contra o Internacional no Beira-Rio. Mas Sávio Pereira Sampaio precisa de punição; Análise: aplicação tática e aproveitamento nas bolas paradas são os destaques em virada histórica do Botafogo sobre o Inter


O Botafogo teve uma vitória gigante no Sul. Covardemente prejudicado, o Glorioso ganhou o Internacional por 3 a 2 com um gol no último minuto. Mas nem tem muito a se analisar do time individualmente por conta dos prejuízos pela expulsão de Sampaio. O que não pode passar batido é o conjunto de erros da arbitragem.


Sávio Pereira Sampaio errou feio no lance do pênalti e ainda expulsou Sampaio, estendendo o prejuízo de sua ação.


Apesar disso esse erro foi apenas mais um. Inverteu faltas e distribuiu cartões de maneira equivocada. E o cartão de Carli em um lance anulado?



Após o jogo os atletas do Inter reclamaram da arbitragem. Como não poderiam criticar as marcações pois o Colorado foi beneficiado em todas, criticaram o nível de Sávio. As reclamações coloradas sobre a maneira como o árbitro irritou os times são justas.


No fim duas certezas: a vitória foi de um gigante e Sávio deve ser punido. Para o bem do futebol.


Análise: aplicação tática e aproveitamento nas bolas paradas são os destaques em virada histórica do Botafogo sobre o Inter. 


Destruidor de invencibilidades, o Botafogo voltou a sair da posição de azarão para desbancar um favorito. Em pleno Beira Rio, o Glorioso saiu atrás, atuou com um jogador a menos desde os primeiros minutos e reverteu uma desvantagem de dois gols para construir uma virada histórica. A vitória gigantesca passou pelo ótimo aproveitamento nos lances de bola parada e pelo comprometimento tático do time para compensar a inferioridade numérica. Joel Carli também chamou a atenção por sua liderança e sua atuação imbatível no jogo aéreo.


A vitória e o bom desempenho no jogo contra o São Paulo mostraram novas possibilidades para Luís Castro montar a equipe. Do ponto de vista coletivo, o sistema com três zagueiros, que na fase defensiva compõem uma linha de cinco com os alas, diminuiu os espaços para o adversário e melhorou a proteção à área. Individualmente, jogadores desacreditados como Patrick de Paula e Lucas Piazon recuperaram a confiança do treinador com as boas atuações e voltaram a ser peças úteis no ainda limitado elenco alvinegro.


Para o confronto com o Internacional, invicto há 14 jogos sob o comando de Mano Menezes, Castro manteve o sistema de jogo e mexeu pouco no time. As duas mudanças foram provocadas pelas suspensões automáticas dos zagueiros Kanu e Victor Cuesta. Philipe Sampaio voltou ao time após lesão no joelho direito e Klaus fez sua primeira partida como titular. O defensor havia jogado apenas 45 minutos na partida de ida contra o Ceilândia pela Copa do Brasil.


O jogo

O Botafogo entrou em campo para executar o mesmo plano da última quinta-feira. Um 5-2-3 no momento de defesa que pressiona com três jogadores na frente e ocupa a faixa central com dois volantes de vigor físico para forçar o adversário a jogar pelas beiradas. Quando atacado pela lateral, o ala descola da linha de cinco para dar combate no jogador do setor e a defesa se organiza em uma linha de quatro. O bom funcionamento deste sistema defensivo depende de zagueiros com alguma mobilidade para executar a cobertura dos alas. A presença de Philipe Sampaio e Klaus nessa função seria motivo de incertezas durante o jogo.


Seria, porque, logo aos dois minutos, uma interpretação polêmica da arbitragem prejudicou o Botafogo e mudou todo o curso do jogo. O árbitro Sávio Pereira Sampaio, com a interferência do VAR, marcou pênalti e expulsou Philipe Sampaio por suposto toque no braço do zagueiro. Polêmica à parte, o ataque do Inter nasce a partir de uma subida de Hugo para pressionar e da demora da defesa para se reorganizar em uma linha de quatro. Com a movimentação descoordenada, Edenílson teve muito espaço nas costas do lateral para receber a bola e avançar em direção à área.


A sensação de injustiça provocada pela expulsão e a marcação da penalidade máxima gerou consternação entre os jogadores e a comissão técnica, abalando o emocional do time em campo. Luís Castro foi expulso por reclamação, deixando a equipe sob as ordens do auxiliar Vítor Severino na beira do campo. Depois do pênalti, cobrado e convertido apenas aos oito minutos – quase seis minutos de paralisação -, o Internacional foi para cima e envolveu com facilidade um Botafogo ainda atordoado. Alan Patrick teve muito espaço para criar e a movimentação vertical de Edenílson confundiu a marcação alvinegra.


Aos 13, o Colorado ampliou a vantagem. Com um jogador a menos, o Glorioso se organizou em um 4-4-1, com Vinícius Lopes e Lucas Piazon com maiores responsabilidades defensivas, fechando a segunda linha pelas laterais. Quando o adversário atacou mais uma vez o lado esquerdo da defesa alvinegra, Kayque errou o bote e ficou para trás. Patrick e Piazon não cobriram o espaço gerado pela movimentação do volante, o que provocou um clarão na entrada da área. Bustos e Alan Patrick tabelaram e o lateral marcou o segundo dos gaúchos.


Com 2 a 0 no placar e um jogador a mais ainda nos minutos iniciais da partida, o jogo parecia na mão do time da casa. Acuado, o Botafogo encontrou uma única alternativa de saída para chegar ao ataque: os lançamentos buscando Erison no confronto com a defesa adversária. De 18 lançamentos tentados no primeiro tempo, sete foram bem sucedidos (quatro deles saíram direto dos pés de Gatito). Aos 18 minutos, depois de cobrança de falta na área colorada, a bola sobrou para Vinícius Lopes diminuir o prejuízo. As bolas paradas viraram uma arma fundamental para o Alvinegro criar situações de gol. Aos 47, em levantamento para a área, Vinícius teve nova chance de marcar e empatar o duelo, mas errou e desperdiçou uma oportunidade clara.


O Botafogo terminou o primeiro tempo com 32% da posse de bola e apenas 68 passes certos (81% de acerto), retrato da dificuldade do time em escapar da pressão alta da marcação adversária. O time se manteve vivo no jogo pela reorganização defensiva que conseguiu executar depois de acalmar os ânimos e retomar o nível exigido de concentração. O aproveitamento nas bolas paradas, um dos pontos fortes da equipe, quase permitiu que o Glorioso levasse para o intervalo um empate improvável.


Sem alterações no retorno para a segunda etapa, o Botafogo voltou com as linhas de quatro ainda mais justas, com Erison bem isolado no primeiro combate. O posicionamento defensivo foi capaz de limitar com eficácia a produção ofensiva do Internacional que pouco finalizou. Quando foi exigido, Gatito apareceu muito bem para evitar o pior. Em compensação, o alto grau de comprometimento defensivo exigido de Vinícius e Piazon deixou o time com pouca força para saídas em contra-ataques.


Esse cenário foi amplificado pelo gol de empate do Botafogo aos 13 minutos. Novamente em uma bola parada, uma cobrança de escanteio, a bola viajou para a área do Inter e só encontrou cabeças alvinegras. Carli desviou e o ‘Toro’ Erison concluiu. Foi o sexto gol do centroavante em 11 jogos no Brasileirão. É fundamental, no entanto, exaltar o trabalho do capitão Joel Carli. Titular pelo segundo jogo seguido, o zagueiro foi uma fortaleza no jogo aéreo. As 13 rebatidas e o aproveitamento de 100% nas disputas pelo alto mostram a importância do argentino na proteção da área alvinegra. No ataque, ainda criou duas situações de gol a partir de escoradas de cabeça.


A primeira substituição no Botafogo aconteceu somente aos 41 minutos do segundo tempo, devido à escassez de opções no banco e à boa execução tática do time na metade final do jogo. Daniel Borges substituiu Vinícius Lopes. Matheus Nascimento, preterido pela opção por um jogo muito físico praticado por Erison, veio para o campo apenas aos 44.




Mesmo com um jogador a menos e o time focado em não ceder mais gols ao adversário, garantindo um empate que já seria heróico, o Glorioso também conseguiu escapadas para tentar o terceiro. Conforme o Internacional se mandava para o ataque, os espaços surgiam para o contra-ataque alvinegro. O incrível gol da vitória saiu aos 55 minutos, em contra-ataque puxado e finalizado por Hugo, com destaque para a garra e insistência de Kayque para acompanhar a jogada até o final.


Em busca da terceira vitória seguida, o Botafogo recebe o Fluminense no Nilton Santos, no próximo domingo (26), às 16h.

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