Head da XP investimentos, que assessora o Cruzeiro na venda da SAF para Ronaldo, Pedro Mesquita foi o convidado da Turma do Bata Bola nesta sexta-feira. O empresário explicou as diferenças entre a negociação do Botafogo e o bilionário norte-americano John Textor em relação ao que acontece com a Raposa e o Fenômeno.
De acordo com ele, a natureza das dívidas acumuladas pelo time celeste não permitiu que a operação fosse feita com mais calma. Os problemas financeiros do clube mineiro têm um prazo menor para serem resolvidos, ao contrário do que acontece com a maioria do passivo dos cariocas, embora o valor global seja similar.
“Por uma coincidência a gente assessorou o Botafogo. A grande diferença é que cada operação tem sua particularidade e fizemos o melhor para o Botafogo. A operação do Cruzeiro é outra e estamos tentando fazer o melhor para o Cruzeiro dentro da conjuntura que a gente tinha. Ouvi que nós anunciamos a transação de maneira afobada. Também foi uma necessidade dessa operação. O Ronaldo tinha uma preocupação muito grande em relação às contratações e o orçamento do Cruzeiro naquele momento. Ele acreditava que se passasse mais tempo antes da entrada, as coisas poderiam não ser solucionadas. Outro ponto é que o Cruzeiro tem uma situação de dívida de curto prazo, de transfer ban. Precisava de uma entrada antecipada. Claro que se a gente pudesse ter mais calma, analisar e fazer a operação com calma, a gente teria o feito. Naquele momento foi o melhor para o Cruzeiro”, disse.
Além disso, o perfil de cada investidor modificou termos nos contratos. Se há a obrigatoriedade de John Textor tirar os R$ 400 milhões do próprio bolso, Pedro Mesquita acreditou que a imagem do ídolo Ronaldo pode alavancar outros tipos de investimento. Caso o incremento de receita for suficiente por conta da novidade da gestão cruzeirense, o Fenômeno terá que aportar “apenas” R$ 50 milhões.
“Estamos falando do maior ativo do futebol moderno, que é o Ronaldo Fenômeno. Ele tem uma imagem e capacidade de atração de investimentos completamente diferente de outros investidores. No caso do Botafogo, adoramos o John, mas ele começou no futebol há menos tempo, ganhou dinheiro com mídia e começou nesse negócio há menos tempo. Como assessor do Botafogo, fui claro que teria que ter uma exigência de um aporte financeiro, do dinheiro do bolso. No caso do Ronaldo, não era possível“, explicou.
Se do lado botafoguense o contrato definitivo já foi assinado, Ronaldo ainda tem apenas o a carta de intenção de compra firmada com o Cruzeiro. O Fenômeno ainda estuda as dívidas do Cruzeiro para apresentar a proposta final ao clube, o que vem movimentando os bastidores celeste nos últimos dias.
“Demos algumas informações para o público e não demos mais porque muitas cláusulas estavam e estão sendo discutidas. O Ronaldo entrou no Cruzeiro para entender cada tipo de dívida, ele contratou vários assessores jurídicos para dar um parecer sobre os riscos de cada tipo e os riscos que essas dívidas levavam para a SAF, para a associação. Não teve mudança no contrato, teve uma espécie de pré-contrato em que a gente estabelecia as principais cláusulas e dava para ele esse tempo para que depois ele apresentasse esse plano para o Cruzeiro. Estamos do lado do Cruzeiro, do lado do torcedor, representamos e queremos o melhor. Estamos fazendo o que é possível”, finalizou.