Matheus Nascimento foge da pressão de ser a 'maior venda da história' do Botafogo: 'Eu só foco no momento'

 


Atacante de 17 anos tem passagens pelas Seleções de base, marcou dois gols na temporada e atrai olhares do futebol europeu, mas afirma que fixação nisso só vai atrapalhá-lo. 


Matheus Nascimento precisou de quatro jogos em 2022 para superar a marca de gols marcados pelo Botafogo no ano passado. As duas bolas na rede na vitória sobre o Nova Iguaçu, na última semana, foram suficientes para deixar a única bola na rede de 2021 diante do Macaé para trás. Em entrevista exclusiva ao LANCE!, o atacante viu como um peso saindo das costas.


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Carregado por expectativa desde que deu os primeiros passos na equipe sub-15 do Alvinegro, Matheus passou por altos e baixos na temporada passada, mas parece ter se tornado uma opção recorrente no time principal em 2022. A diferença do atacante de um ano para cá? A esperança por mais chances.


– Aquele gol lá foi o primeiro (contra o Macaé), eu estava muito nervoso (risos). Tive uma sequência no Carioca, consegui entrar, fiz aquele gol mas aí voltei para a base, para o sub-20, joguei boa parte do Brasileiro (sub-20). Acabou a temporada e eu subi para o profissional no final do ano, tive poucas oportunidades no ano passado com o Enderson mas conversei com ele (ex-técnico) e agora estou tendo oportunidade para seguir firme - afirmou.


Alívio. Matheus Nascimento 'lavou a alma' naquela noite no Estádio Nilton Santos. Os dois gols tiraram a responsabilidade das costas do garoto, que vinha de boas atuações mas ainda não tinha balançado as redes.


– Fico feliz com todo o apoio que a torcida está me dando, nunca tinha recebido isso na minha vida. Fazer dois gols, sair ovacionado pelos torcedores... Cheguei aqui no clube e todos estavam felizes por mim. Esses gols estavam demorando a sair, mas graças a Deus saiu. Agora é continuar focado no trabalho para todo mundo continuar acreditando no meu trabalho - completou.


O Botafogo confia em Matheus. Não à toa, a diretoria recusou uma investida de um clube português por ele no ano passado - o valor já seria mais que suficiente para o atleta se tornar a maior venda da história do Alvinegro. O camisa 90 afirma que não pensa nisso. O hoje é o que importa.


– O pessoal daqui me ajuda bastante com tudo isso, minha família também é muito tranquila. Eu não me vejo como a "maior venda da história", não fico pensando nisso porque sei que isso só vai me atrapalhar. Eu só foco no momento - explicou.


DA BASE AO PROFISSIONAL: REALIDADE DIFERENTE

Matheus Nascimento tem quase 200 gols nas categorias de base do Botafogo. Desde a categoria sub-12, ele se acostumou a vestir camisa 9, guiar o sistema ofensivo e balançar as redes com frequência. Mas a realidade do jogo nos profissionais bateu de forma diferente.


Acostumado a ter os holofotes, Matheus conheceu algo que nunca havia vivenciado: o jejum de gols. No ano passado, foi uma bola na rede em 29 jogos disputados - alguns deles, é verdade, entrando nos minutos finais do segundo tempo dos duelos.


– Eu sou acostumado a fazer muito gol. Na base eu fazia gol em quase todo jogo e chegou aqui no profissional é algo totalmente diferente. Eu tenho uma quantidade de jogos, não consegui fazer e realmente me senti um pouco pressionado com isso. Tentei me pressionar pra melhorar e tentar fazer esse gol, é importante - pontuou.


A diferença do jogo entre o plantel profissional e os times inferiores passa pela forma e julgamento que um equívoco pode trazer, acredita Matheus. O atacante, que tem idade para jogar no time sub-17 do Botafogo, vê que uma jogada errada pode desestabilizar.


– Sempre tem uma pressãozinha a mais porque a base é totalmente diferente do profissional. Muitas pessoas acham que tu chega na base, joga, sobe pro profissional e vai jogar a mesma coisa. Não é assim, é totalmente diferente. Uma falha no profissional é um erro gigante, mas chega na base não dá em praticamente nada. Eu sempre tento manter o foco e errar o menos possível - completou.


MAIS DECLARAÇÕES DE MATHEUS NASCIMENTO

Ter voltado para o sub-20 no ano passado

– Não fiquei chateado porque quando eu descia eu conseguia jogar e isso era o que eu mais queria, mostrar meu futebol. Eu sei que era importante eu estar aqui (profissional), mas era melhor estar jogando para não perder o ritmo.


Pressão

– A comissão toda me ajuda sobre isso, sempre pedem para que eu entre tranquilo e deixar meu futebol fluir. O Paulo (Ribeiro) psicólogo sempre está presente, todo mundo é bem tranquilo comigo. Não botam pressão nenhuma em mim.


Se sente confiante?

– Foi um peso nas costas (fazer o gol), mas eu estava ciente de tudo. Mesmo se eu não tivesse feito o gol eu tentaria aquela letra (segundo gol contra o Nova Iguaçu) porque eu estava confiante. Eu tento fazer o que eu faço nos treinos e deu certo (risos).


Qual a importância do Botafogo na sua vida?

– Meus pais nunca me colocaram pressão nenhuma, são muito tranquilos. Cheguei com 12 anos no Botafogo, comecei com 8 no Trops. O Botafogo me ajudou a crescer como um homem na vida, sei que sou novo ainda (risos), mas cresci muito como homem.


Como foi depois do jogo contra o Nova Iguaçu?

– Fiquei muito muito feliz, nem consegui dormir direito, na verdade nem dormi (risos). Muita mensagem chegando, pessoas elogiando. Fiquei contente com tudo isso. Esse carinho me motiva porque eu quero isso tudo de novo, quero receber mais elogios, é só motivação.


O que acha de John Textor?

– Ainda não tive contato com ele mas vejo que é uma pessoa muito boa que faz de tudo para ajudar o nosso clube.


Quem é o próximo jogador da base a aparecer no profissional?

– O Kauê, 2004, volante. Joguei um bom tempo com ele, joguei na Seleção com ele, ganhamos Sul-Americano juntos, ganhamos títulos no Botafogo... Ele é um ótimo jogador.


No que precisa melhorar?

– Sim, é um ponto que eu preciso melhorar. Tenho que pegar mais massa porque minha posição exige muito disso. Os zagueiros geralmente são fortes e altos então eu preciso disso para acrescentar e ganhar duelos.


– Me sinto muito mais forte, vejo um aumento de massa. O Dailson (equipe de fisiologia do Botafogo) mostra sempre os ganhos que a gente tem, estou acompanhando e tem um aumento sim.


Recebe algo diferente por ser tratado como 'joia'?

– Tratamento especial não, o traimento é o mesmo com todos, não existe nada especial, tentamos fazer tudo igual com todos para crescer todo mundo junto.


Inspirações?

– Na vida são meus pais, guerreiros, batalhadores, sempre trabalharam muito para me criar. No futebol são Suárez e Cavani. Eu deixo o cabelo assim também por causa delem porque me inspiro nele.


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